quinta-feira, 28 de agosto de 2008
Vivências 46...
quarta-feira, 27 de agosto de 2008
Experiência 15
Tal como Caos, Gaia parece possuir uma natureza forte, pois gera sozinha, Urano, Pontos e as Montanhas. Hesíodo sugere que ela tenha gerado Urano com o desejo de se unir a alguém semelhante a si mesma em natureza. Isso porque Gaia personifica a base onde se sustentam todas as coisas, e Urano é então o abrigo dos deuses "bem-aventurados".
Gaia, como o amor, a amizade entre outros sentimentos mais ou menos humanos é uma hipótese, não os vemos, não os conseguimos transformar em algo palpável mas, diz a maioria que os sentimos...
Quando é que então sabemos que o que sentimos é a tal força geradora de algo maior do que nós ou apenas estivemos enganados?
Quando é que então sabemos se estamos certos ou errados em darmos uma outra hipótese a nós, aos outros ou sequer às coisas que nos vão ocorrendo no dia a dia e as pessoas nos dizem ser verdade?
Quando acreditar?
Quando não acreditar?
Quando esperar?
Quando seguir em frente?
Quando... ... ...
segunda-feira, 25 de agosto de 2008
BURACO NEGRO XIII
Que como todos os do universo real, não se vê.
Sabe-se que existe, sente-se o efeito mas não se pode fugir dele.
Há uma constância nesta coisa de se saber bem que eles andam por aí.
Que olhando atentamente a forma como a luz se deforma os podemos adivinhar. Mas não sabemos ou não queremos fugir deles.
Ou já nos habituámos a viver com esta atracção pelo abismo ou se tornou uma dependência perigosa gostar da força poderosa que nos agarra e que à menor hesitação nos engolirá sem apelo nem agravo.
Gostaria de dizer como o poeta "...não vou por aí".
Mas vou, vou sempre.
Pelo lado mais perigoso da estrada.
Pelo beco menos iluminado.
Pela rua que talvez não leve a lugar nenhum.
Teimosamente sou um ponto sugado, num circulo luminoso, à beira do desastre ou da redenção.
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
Vivências 45...
Contudo, ainda na sua opinião, o que se pode perfeitamente prometer são aquelas acções que, na verdade, são geralmente as consequências do amor, do ódio, da fidelidade, mas que também podem emanar de outras razões: uma acção conduz a diversos caminhos e motivos.
Porém, em dois anos (é muito tempo, eu sei) aprendi então que: desprezo não é amor, não comunicação não é amor, mentir não é amor, estar com outro em vez de nós não é amor... ... ...
Demorou, mas encaixou!
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Experiência 14
Continuou a descrição dizendo que depois, começou a perceber que cada vez jantavam menos vezes juntos, se viam menos vezes no mesmo espaço físico (a tal da casa) e que, o cúmulo veio no dia em que descobriu que ela até lhe batia...
segunda-feira, 18 de agosto de 2008
BURACO NEGRO XII
Depois foi correndo bem... o trabalho, o tempo, a tua ausência!
Agora o dia caiu, o trabalho acabou e tu não vens!
Um dia quase perfeito pode, de repente, tornar-se assim numa falta de vontade de estar, numa corrente angustiada de perguntas, numa sequência inventada de respostas...
Porque tu não vens!
Lembro bem o tempo de estar aqui sem angustias e sem medos, o tempo em que o cair da tarde era apenas o fim de mais um dia, o antes do amanhã, o sossego e a quietude.
Lembro esse tempo sem pena...daqui a pouco vais chegar...
E o abraço que trocarmos vai saber a todas as certezas...
E o nosso sorriso vai iluminar a sala onde nem as luzes, agora, estão acesas.
Porque tu não estás!
quinta-feira, 14 de agosto de 2008
Vivências 44...
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Experiência 13
E enquanto ele dissertava acerca do assunto e eu não via a hora de uma das minhas amigas chegar, perguntou-me se era normal as pessoas deitarem-se fora?
Confesso que num primeiro momento fiquei espantado sem saber o que lhe dizer mas, acabei por compreender qual era a sua verdadeira questão e, por falta de capacidade racional ou pura brutalidade, acabei por lhe "espetar" com uma citação alterada de um autor que li, faz tempo:
Pode deitar-se fora uma mulher ou um homem, como uma caixa de fósforos, por paixão, por se ter um carácter assim, por não se conseguir ligar a uma pessoa, ou porque olha para mais alto, porque tudo e todos lhe servem de instrumento e, enfim, desculpa. Isso entendo que magoe mas, ainda assim, posso compreender.. É infame, mas tem algo de humano, nem que seja a cobardia.
Não vale a pena "ruminares" mais o assunto, sossega-o na alma porque a ocasião a que te reportas, a pessoa em questão nunca deixará de ser cobarde, nunca deixará ter 2 pássaros na mão porque, inevitavelmente, tem medo de ficar só e esse, é para si o pior dos castigos.
O seu olhar tombou perante as minhas palavras e o som de mil estilhaços de um coração abatido e cansado ecoou interminavelmente. Por um ínfimo momento senti pena dele e estive quase para lhe pedir desculpa, não o fiz apenas porque no segundo seguinte chegou a minha amiga e pensei: estás com sorte... esta é ideal para ti!
terça-feira, 12 de agosto de 2008
Em Fogo 23 - O Meu Caminho
Sabor a Carpe Diem
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
BURACO NEGRO XI
sexta-feira, 8 de agosto de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Vivência 43...
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
(Álvaro de Campos)
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
Experiência 12
terça-feira, 5 de agosto de 2008
Em Fogo 22 - Olhar a Vida
Sabor a Carpe Diem
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
BURACO NEGRO X
Imaginava-me a pôr uma mesa especial, os grandes copos altos, bem abertos para deixar o vinho respirar, as flores em arranjo baixo para que nos pudéssemos olhar sem nada entre nós. Imaginava-me a colocar estrategicamente as velas que dariam à sala o ambiente acolhedor, apelativo à conversa, aquela luz que dá à pele o tom certo para o desejo do toque.
De repente veio-me à memória uma outra vez em que o fiz. Lembrei-me que tive de chamar a atenção para o cenário tão bem montado, tive de pedir elogios para o que cozinhei e depois de uns minutos de condescendência me perguntaram: então já se podem apagar as velas? isto parece um velório! e pode-se ligar a televisão?
Apaguei as velas, liguei o aparelho, estava a começar a novela, Graças a Deus!!!
Depois também a vontade de tocar morreu, lentamente, a partir desse dia, até ao velório real de um amor que não sabia saborear-se!
Às vezes a memória é inimiga da imaginação...mas a teimosia, a minha, vai levar-me a surpreender-te um dia destes!!
Só uma pergunta: tinto ou branco?
domingo, 3 de agosto de 2008
Experiência 11
Perguntei aos amigos... fiz as coisas certas... as erradas... demonstrei o mais profundo dos amores e o mais desolador dos desprezos... Nada a demovia de me dar apenas um pequeno contentamento ao fim do dia e julgar que isso seria o bastante... O contentamento, explique-se: ia do taciturno jantar com alguma troca de informações de como foi o dia de cada um, passando pela "loucura" de vermos juntos uma série do seu agrado, até ao lermos em absoluto sossego cada um, o seu livro...
Um dia em que ambos tínhamos acabado de tomar banho e lavávamos os dentes, olhei-a prolongadamente ao espelho, sem que ela desse por isso: descobri nessa altura um rosto humano (?) em que não existia raiva, nem desejo, rosto do qual se desvanecera toda a paixão, que sabia "tudo" e nada queria, nem vingança, nem clemência...
E por momentos pensei: "Será isto a suprema perfeição? Esta solidão absoluta e surda, face às alegrias e dores?".
Viria perceber, 1 ano mais tarde que afinal não! Aquilo era apenas uma pessoa que estava morta por dentro e que já não permitia que a vida lhe entrasse pelos poros enquanto fazíamos amor, ou lhe fosse injectada por agulhas quando ia ao médico, porque mesmo estando ali ao seu lado dando-lhe amor, provando o que era o amor, a única coisa que ela alguma vez fez que se assemelhasse a um sentimento, foi numa dada noite dar-me um valente estalo quando lhe disse: "Estás morta!".
Nesse dia saí porta fora, nunca mais a vi, nunca mais falámos... e dado que nunca pediu desculpa nem nunca quis falar do passado, deduzo que, eventualmente: morreu, mesmo!
sábado, 2 de agosto de 2008
Imaginário XXXI
A rainha não era muito popular, era muito difícil gerir um reino tão grande sozinha e muitas vezes tinha que tomar decisões difíceis e que sabia que iam desagradar aos seus súbditos mas tinha que as tomar.
Um dia, enquanto a rainha chorava secretamente no seu leito por tão tormentosa que era a sua vida, apareceu-lhe uma fada que lhe trazia uma oferenda. A fada oferecia-lhe um espelho mágico cuja magia só se manifestava e era vista pelos olho da rainha. Tudo o que a rainha precisava fazer para que o espelho espelhasse com magia era perguntar-lhe se os outros viam a sua beleza e o espelho reflectiria a imagem que a maioria das pessoas tinha dela.
Mas, disse a fada, se contares a alguém a magia deixa de funcionar.
A rainha posicionou-se em frente do espelho mágico, proferiu as palavras mágicas e teve o resultado mágico. Uma imagem feia, disforme, distorcida e monstruosa surgiu.
Como a rainha ficou devastada... como lhe custava ter que tomar certas medidas para endireitar o reino e principalmente para o manter direito. Será que eles não sabiam? Achariam eles que ser rainha e tomar decisões era fácil?
Eles apenas decidiam sobre as suas vidinhas e bastava-lhes ter conhecimento delas. Ela não. tinha que estar informada não só das vidas deles como de tudo o que se passava no seu reino como de tudo o que se passava no resto do mundo. Às vezes ficava cansada e nem tinha quem lhe desse o conforto de um abraço, porque uma rainha não mostra emoções.
Nessa noite adormeceu embalada pelo som do seu choro e acarinhada pela suavidade das suas lágrimas.
Quando acordou na manhã seguinte, ainda um pouco angustiada, resolveu que ia mudar algo. Queria que a vissem como ela era. Não que a vissem como uma monstra. Os seus súbditos precisavam sentir que nem sempre as medidas boas para eles eram as melhores para todos. Iria sacrificar um pouco o reino mas eles iriam perceber que ela era para eles como uma mãe: eles podiam não concordar com tudo mas para eles ela iria ser bela e insubstituível porque uma mãe toma sempre conta dos filhos o melhor que sabe e quer sempre o melhor para eles.
E se eles não o descobriam " a bem" iriam descobrir "a mal".
Assim, na primeira sessão aberta ao povo, ela não refutou nem argumentou com os conhecimentos que tinha em como o que eles queriam não era o melhor para eles. Não. Ao contrário - assentiu a tudo depois de lhes dar a escolher entre os resultados a curto prazo e a longo prazo. Cada súbdito assinava uma espécie de testemunho em como a pergunta tinha sido feita e ele tinha escolhido o que achava ser melhor para o reino.
E assim foi. Ao início, e para desgosto cada vez maior da rainha - que se ia vendo cada vez mais bela no espelho - o reino estava a tomar as medidas directamente suplicadas. E ela sabia pela sua experiência que mais tarde ou mais cedo o reino ia colapsar. Gostaria que fosse mais tarde e que todos tivessem oportunidade de ver que o modo dela era o melhor para todos, mesmo parecendo o pior.
Aos poucos os súbditos recomeçaram as suas lamúrias. A cada um a rainha sorriu complacentemente e disse que apenas acedia aos desejos de cada um. Que eles haviam criticado antes e optaram voluntariamente por estas medidas, que nada lhes tinha sido imposto.
A rainha via o seu reino degradar-se cada vez mais depressa ao mesmo tempo que no espelho sua imagem era cada vez mais bela mas cada vez mais distorcida também.
Então tomou outra medida. Chamou todos para junto de si e anunciou as principais diferenças entre o antes e o depois das medidas. E anunciou também que iria voltar ao regime anterior.
Nessa noite o espelho não reflectiu. E a angústia da rainha continuava. Queria que a vissem como ela era. Nem ser mais bela nem ser hedionda aos olhos dos outros. Apenas como era: uma mulher destinada por herança a governar um povo que queria prosperar e que fazia tudo para que isso acontecesse.
Passados alguns dias o espelho voltou a reflectir. O espectro ainda era disforme, aparecia menos belo mas ainda assim distorcido.
E com o passar do tempo e com o retorno à sua política o seu reino estava cada vez mais perto daquilo que era o seu desejo.
Ela continuava a analisar e a ouvir o povo mas conforme estava decidido ela tomaria as decisões e não eles.
Um dia olhou-se no espelho e o espelho reflectia a sua imagem nítida. Sem disformidades, sem belezas exageradas sem monstruosidades. Reflectia a mulher que estava diante dele.
Nessa noite, enquanto dormia um sono calmo como há muito não tinha a fada passou e levou o espelho mágico deixando um igual.
E durante todo o reinado da rainha ninguém contestava as suas decisões pois ela estava confiante de si e da imagem que o mundo tinha dela.
Sabor a Thunderlady