sexta-feira, 31 de outubro de 2008

...And Justice for All

Do tempo em que os Metallica eram os Metallica...

...e um pensamento que me ocorre neste momento, para quando a justiça para todos...?

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vivências 55


Mentira

do Lat. mentita, sob o influxo de mentir?
s. f.,
afirmação contrária à verdade;
falsidade;
ficção;
ilusão;
juízo errado;
indução em erro;
persuasão falsa.

As tradições éticas e alguns filósofos estão divididas quanto a se uma mentira é alguma situação permissível – Platão disse sim, enquanto Aristóteles, Santo Agostinho e Kant disseram não.
Mentir de uma maneira que piore um conflito em vez de diminuí-lo, ou que se vise tirar proveito deste conflito, é normalmente considerado como algo antiético. Não devemos então mentir? Ou para evitar um mal maior é até requerido mentir-se?

Existem pessoas que afirmam que é com frequência mais fácil fazer as pessoas acreditarem numa
Grande Mentira dita muitas vezes, do que numa pequena verdade dita apenas uma vez. Esta frase foi proferida pelo Minístro da Propaganda Alemã Joseph Goebbels no Terceiro Reich.
No entanto, durante anos não se matou por Grandes mentiras? E não esses, na sua dimensão, cheios de razão para acometerem os actos mais bárbaros

A capacidade dos hominídeos de mentir é percebida cedo e quase universalmente no desenvolvimento humano e estudos de linguagem com pongídeos. Uma famosa mentira do último grupo foi quando Koko, a gorila, confrontada por seus treinadores depois de uma explosão de raiva no qual ela arrancou uma pia de aço do lugar onde ela estava presa, sinalizou na Língua de Sinais Americana, "o gato fez isso," apontando para seu pequeno gato. Não está claro se isso foi uma piada ou uma tentativa genuína de culpar seu pequeno bicho de estimação.

A psicologia evolucionária está preocupada com a teoria da mente que as pessoas empregam para simular a reação de outra a sua história e determinar se uma mentira será verossímil. O marco mais comumente citado na ascensão disso, o que é conhecido como inteligência maquiavélica, ocorre na idade humana de cerca de quatro anos e meio, quando as crianças começam a ser capazes de mentir de maneira convincente. Antes disso, elas parecem ser incapazes de compreender que todo mundo não tem a mesma visão dos eventos que elas têm – e parecem presumir que há apenas um ponto de vista — o seu próprio — que precisa ser integrado a qualquer história.

Uma razão para que a mentira possa persistir como uma estratégia em ambientes sociais é que não é a comparação dos factos contra alguma noção de verdade, mas em vez disso, a avaliação de se uma traição da confiança aconteceu ou não, que determina a resposta a uma mentira. Trocado por "miúdos" (mas nada de Casa Pia) acabamos por dar por nós a mentir, em apenas duas ocasiões: quando queremos poupar aluém de sofrimento, ou, quando alguém nos falta... à verdade... Estranho não?

E daí...

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Experiência 24


Patê II e meio...

Ou deverei dizer: Pató II e meio...

Bem não interessa. Importante é saber que aos poucos, e sem se aperceber disso, o Manel foi perdendo... Personalidade! Sim, aquela do Tarantino: "Dogs have personality and, personalyti, goes a long way!"

As evidências estavam lá mas, nós que nem tontos, nem queríamos acreditar... Já não assistia ao futebol connosco, F1, passou a ser F 3 e qualquer coisa e comentários do género: "Gaija jeitosa é aquela do..." foram-se, sem deixar rasto...

Tornou-se macrobiótico e um pouco mais cinzento ou, verde ou amarelo ou... qualquer coisa vinda de Marte mas, o rude golpe veio no dia em que, em plena camaradagem, todos pedimos ou tinto ou "jolas" e ele pediu: "Queria uma águinha mineral!".

Reparem: não foi nem água, nem um "copanásio de água" ou um bem cheio de mineral... Não! Foi, recordo: "Águinha!"

Desse dia em diante entendemos: o Manel tinha um número de série e estava a colaborar com uma empresa que colocava virús, indiscriminadamente, nos computadores alheios...

Única solução: Pirar-mo-nos todos dali "a ganda" velocidade por um piscar de olhos!

Por fim, para seu e nosso, descanso, o Manel e nós podemos jantar SUSHI na paz... de nós mesmos! IUUPIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII... Vivó Viriato!

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Em Fogo 29 - Dias de Chuva


São dias assim, que passam do céu azul para um cinza mais claro, escurecendo à medida do tempo e eu protegido na minha casa a olhar pela janela da sala recordo... o cinza torna-se mais escuro e cai uma gota, depois outra de... inicialmente a um ritmo lento e depois mais rápido, transformando-se numa tempestade em tarde de Inverno ti.
Depois vem o cheiro... aquele cheiro de terra molhada que se infiltra em todo o meu ser... o cheiro do teu corpo nas tardes de Inverno onde nos perdemos um no outro e criamos a nossa própria chuva em gotas de suor, no corpo do outro. Tu olhavas para mim e dizias que gostavas de ser uma gota de chuva para sentir a vertigem da queda e eu sorria.
Os dias frios de Inverno, tornados quentes na tua companhia... eu acendia a lareira e tu deitavas-te no tapete, a chuva a cair lá fora num ritmo cadenciado... olhavas-me nos olhos e dizias que nos dias de chuva é que te sentias tu própria e eu sorria.
Horas passavam e nós rodeados de sonhos por concretizar, de promessas a 2, de beijos roubados e caricias partilhadas... os dias de chuva eram nossos... o nosso refugio e a banda sonora para sentir o meu corpo no teu... não acendiamos luzes, partilhavamos antes o cinza do céu e entendiamos-nos como a nuvem compreende a chuva... tu dizias que a chuva era o teu segredo e eu sorria.
O teu olhar era como um lago... cada vez que te olhava sentia-me como que em águas profundas e a chuva a cair-me na pele... dizia-te que tinhas um olhar profundo, coberto de sonhos e tu inclinavas a cabeça a sorrir.
As pessoas que dizem que os dias de chuva são melancolia não sabem o que nós partilhámos...não entendem o que significou para nós... não percebem que a chuva pode ser partilha, emoção, amor, reflexão, musica... tu pedias sempre que eu te dissesse como me sentia quando estava contigo, eu respondia que era a mesma sensação deliciosa de quando cheirava a terra molhada depois de chover e tu sorrias.
Foi num dia de chuva que me disseste que ias embora... olhei para ti sem entender e perguntei porquê... respondeste que precisavas do Sol e que chuva já não te preenchia... pensei que palavras deveria eu dizer para te contrariar... no entanto, não disse nada e deixei-te ir em busca do teu Sol... sei que, se a chuva for importante para ti, acabas por regressar.
Agora, quando chove, estou na minha sala à janela... vejo as gotas que se formam e penso em ti... será que encontraste o teu Sol? Ou ainda procuras no meio deste Mundo inconstante de afectos alguém que te aqueça o coração? Eu por cá continuo a amar os dias de chuva e o cheiro da terra molhada e espero sempre um dia olhar e ver-te pingar de uma nuvem para mim na forma de uma gota de chuva.
Carpe Diem.

sábado, 25 de outubro de 2008

Imaginariamente real

Há umas manhãs atrás, ao entrar no quintal, um brilho diferente chamou-me a atenção. Do meu lado direito havia qualquer coisa diferente. Podia ser a luz, podia ser o brilho ou podia não ser nada e ser uma mania minha - uma entre tantas e tão importante como outra mania qualquer de quem tem a mania que não tem manias.

Certo certo é que ainda não tinha acordado totalmente. Apesar de já ter passado uma hora desde que o despertador tinha tocado, todas as tarefas matinais rotineiras tinham tido uma precisão meramente maquinal, desde o levantar ao café e cigarro antes de sair de casa. Mas certo certo é que, como eu dizia, ainda não tinha acordado totalmente, coisa que não se devia fazer fora de casa - acordar totalmente - sabe-se lá o que aconteceu pelo caminho!

Mas, dizia eu - que mania de me perder entre pensamentos e acrescentar mais uns pormenores sem importância nenhuma, certo, certo é que ainda não tinha acordado totalmente e vai de ainda estar meia letárgica e achar que era uma patetice mas aquela luz estava diferente, a luz que me chegava pelo canto do olho, não a que me espreitava de frente por trás da esquina da casa.

Claro que me voltei para trás para perceber o que era e juro-vos que o que me salvou foi ter a tensão baixa, que quando dei de caras com ela fiquei logo acelerada e foram-se os restos de apatia que me sobravam da noite mal dormida.

Ao olhar para o sítio de onde vinha aquela luz em brilho fragmentado - perdoem-me a falta de eloquência mas não sei que outra expressão usar - não dou de caras como disse no parágrafo anterior - claro que vocês, bons leitores que são para mim, captaram a ideia na expressão utilizada - por nos ser a ambas fisicamente impossível, fisicamente em dois sentidos, o primeiro porque ela não tem cara e o segundo porque a ter estaria ao nivel da minha pube, mas deparo com o tenebroso, mais que tenebroso - sinistro!, cenário dela lá instalada, e oh! que bem instalada estava ela mesmo no centro daquela trama ardilosamente tecida. Lá estava a dita, velhaca instalada no covil, à espera.

O cenário, podem crer, era medonho. Na teia, enorme acreditem(!!), reluziam ainda as gotas de orvalho que resistiam estoicamente ao sol da manhã e mais firmemente ainda à sede da fera. Espalhadas ao acaso cascas de outrora viris moscas esvoaçantes estavam prisioneiras na teia e nem as sobreviventes se atreviam a reclamar os despojos porque ali estava ela, de olhar triunfante, a dona do covil, a senhora das oito patas. Ela viera, chegara e conquistara o território. Só não ria maleficamente porque as aranhas não riem, muito menos maleficamente, mas que lhe ia assentar muito bem um sorriso maquiavélico, lá isso ia, garanto-vos.

Pois foi nessa manhã que me tornei heroína aos meus próprios olhos - que não o sendo aos olhos de ninguém posso muito bem aos meus ser o que eu quiser e nesse dia asseguro-vos que me tornei fã de mim mesma.

Entrei em casa decidida dos passos a seguir. Tinha a estratégia bem definida mentalmente. O plano devia ser seguido ao pormenor. Não havia espaço para dúvidas ou falhas, a missão era arriscada mas tinha-me sido confiada, logo e justamente a mim, valente cagarola que foge (fugia!!) do mais raquítico aranhiço pateta (por favor não leiam aqui "pátéta"; leiam antes "pâtêta" que as aranhas têm patas e não pernas, logo perneta nunca podia um aranhiço, raquítico ou não, ser). Sem margem para hesitações abri a porta da dispensa. Todos os segundos eram cruciais para o sucesso da operação "morte à aranha tenebrosamente assustadora". Peguei no spray mata-moscas (mas que é que querem? Ainda não fizeram um mata-aranhas!...) e corri para o alpendre.
Respirei fundo. Sem dó nem piedade e muito decidida posicionei-me de frente para ela e sem um adeus sequer, sem misericórdia nenhuma carreguei no spray e fiz sair uma dose, pensava eu letal, de veneno.

Mas querem saber o que aconteceu? Pois a venenosa iniciou a fuga não demonstrando o mínimo sinal de ter sido afectada. Missão abortada? Não!! A saga estava apenas a começar, a corrida contra o tempo, a batalha entre a minha coragem e a veloz fuga da monstra. Eis que ela põe aquelas oito patas a mexer e ala que se faz tarde! desata a correr teia abaixo. Nisto eu volto à carga e despejo-lhe mais spray em cima, desta vez uma quantidade maior. Como resposta a tipa desenovela um fio e começa uma fuga descendente em direcção aos malmequeres do canteiro. Nessa altura percebi que tinha que ser mais rápida que ela se não queria perder a guerra para sempre.
Agarrei a lata com força com as duas mãos e despejei sem interrupção o vapor venenoso até ela dar sinais de estar combalida. Nessa altura não interrompi, claro que não, continuei até ela tombar. E não satisfeita com ela ali, pendurada pelo fio de patas recolhidas, despejei ainda mais. E pelo sim pelo não abanei o arbusto, nunca se sabe se ela estaria a fingir-se de morta e ia esperar que eu me voltasse de costas para me atacar com menos misericórdia do que eu a ataquei a ela.

Por fim estava tudo terminado. Ela jazia ali à espera das 17horas, hora em que viria o meu salvador de aranhas buscá-la e mandá-la para bem longe - para um sítio qualquer onde os meus olhos não chegassem.

Ainda hoje recordo essa manhã com nojo.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Vivências 54


As entrevistas de selecção, nesta altura do campeonato, até os ouvidos já me cansam...

São tão "fajutas" como as pessoas e tão enganosas como o mundo económico americano...

E como não me apetece queixar-me mais nem falar de futebol que, por mero acaso, até é coisa que não percebo...

Terminamos hoje por aqui... na boa onda: Ya?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Experiência 23


O Manel é um tipo porreiro, não fora estar casado com a Helena que é uma tipa chata para lá daquilo que qualquer ser humano poderá achar, permissível.

O Manel conheceu, infelizmente, a Helena através de uns amigos em comum que, muito prontamente, e bem estupidamente, lhe foram logo dizendo: "Eh pá, o Manel tu aproveita-me esta que apesar de burra é boa comó milho!".

Na altura avisei logo o Manel: Olha que depois do sexo esgotado, querido, nada a fazer! Se é burra... vais dar-lhe lições de literatura??? Não creio! Vais colocá-la a ler a enciclopédia lá de casa? Não me parece! E depois... pensa... não haverá muito sexo????? E muita filharada???? Ai as noites sem dormir... ai as dores de cabeça quando vier a adolescência... ai, ai...
Rapaz, com tanta miúda por aí, não te deixes "endrominar", escolhe depois, se estiveres uns tempos mais só qual é o problema???????

O Manel, andava desesperado e fez "ouvidos de mercador" - sim, minha gente, de mercador como o de Veneza, não existe o tal de ouvidos de "marcador"... a não ser que andem por aí a escrever coisas malucas nos ouvidos da gentinha "inguinorante"... Bem: "adelante"...
O Manel, nessa noite fez o seu ar mais galante, parvo e tontinho possível para o tal o do "engatanço" da rapariga. Ainda assim, sempre abraçado a mim depois de me ter passado, por entre dentes um: "Vai-me dando dicas."

Porra - pensei eu - ainda se fossem "dikes" mas, enfim, contive magistralmente o meu dique por forma a não transbordar uma "calinada" que arruinasse a noite de uns e outros e mantive o sorriso parvo sempre que o corrigia...

Na verdade, a coisa deve ter corrido bem porque nesse dia foi ele, e não eu ou outro qualquer que, levou a tal da "gaija boa" para casa... Passados 4 anos o inevitável acontecia: casaram!
Ainda não veio ao mundo nenhuma criancinha com ar de parola igual à mãe ou, ar de espantado igual ao pai quando, ainda este era inteligente mas... creio que não deve tardar muito...

To Be Continued... Or not!

sábado, 18 de outubro de 2008

A avó espatifou outra vez a canela.

A outra espatifadela, a que fez há mais de um mês, está lá ainda. Sim, aquela que fez quando tropeçou nas escadas da entrada, bateu com a canela no degrau e agarrou-se à roseira - Ó D. Natália, não tinha sítio melhor para se agarrar? Ai ai ai... - mas já não adianta, nesta idade não aprende, só desaprende - sim, essa, ainda lá está.

A crosta, que já tem mais de 4 semanas, ainda não caiu, está por um fio, digo eu que não sou enfermeira nem médica mas que podia ser não fosse dar-se o caso de não poder ver sangue - e muito bem vou eu que me aguento sem vomitar - e por um fio ficará enquanto quiser que eu não vou arrancar nada, arrancaria se fosse minha mas é dela e a pele dela tem quase 88 anos - filha, já tenho cento e quantos, pergunta ela, tens 87 fazes 88 em Dezembro - mas ela já não sabe que é Outubro, as estações são agora todas iguais - a minha mãezinha é que morreu com cento e quantos tu é que sabes, ah 104 , pois foi , e tanto que ela sofreu na vida.

E a conversa é sempre a mesma e resume-se sempre ao mesmo. A mãe dela que morreu com 104 anos e que toda a vida esteve lá para tratar dela e não está agora, agora que ela tanto precisa da mãe porque está velhinha e a mãe é que devia lá estar para tomar conta dela como esteve toda a vida e não está agora, a mãe que sempre tanto sofreu e sempre a protegeu e agora não protege porque morreu, morreu há 10 anos mas ela já não sabe quanto tempo são 10 anos, podiam ser 10 minutos - a dor, essa, é a mesma.

E a crosta de há mais de um mês lá está. E ainda não caiu e está lá outra. Não, não outra crosta, outra ferida. Mais ou menos 10 cm acima.

Foi ontem de manhã. Quando lá cheguei estava ela ainda de robe. De robe, Não tens frio? Mas ela estava meio atordoada, percebi que estava a comer - a boca cheirava a migas de café, as migas que ela faz com o pão que deixa endurecer com medo que acabe, com receio que nos esqueçamos dela e não lhe levemos pão fresco - come o pão, nós trazemos mais amanhã - mas todos os dias é a mesma coisa, já não vale a pena, nesta altura ela já não aprende, só desaprende e nós temos que ir aos poucos desaprendendo com ela. Não filha, quer dizer, olha... e vi a perna.

Custa sempre olhar e ver a perna dela espatifada. Não sabia se havia de começar por desinfectar, por pôr gelo, pelo quê. Com sangue frio tirei o penso da crosta mais antiga, precisava de ver se estava aberta outra vez. O receio - não sei se da possível imagem da ferida aberta ou se das consequências da ferida ter aberto - remoeu-me o estômago. Não. A crosta lá estava, resistente e forte e bem agarrada. Pus tintura. Pus tintura como te vejo a fazer na outra, disse-me ela com orgulho. Fizeste bem, é assim mesmo, tentava eu disfarçar o estômago ruim.

O procedimento foi o que se repete há um mês. Desinfectar, pôr um cicratizante, cobrir.

Agora vais ficar com gelo na perna, este inchaço tem que desaparecer.

Deixei-a a acabar o pequeno almoço. Uma manta a cobrir os ombros, uma perna esticada e gelo, um olhar meiguinho e um sorriso na cara - sempre e sempre e todos os dias um sorriso. Ela diz que a melhor hora do dia é a da manhã, em que me vê e lhe encho o dia e falo com ela e a faço rir.
No fim a perna dela lá está, espatifada, a perna que já tem 87 e faz 88 anos em Dezembro mas que não sabe que estamos em Outubro porque as estações parecem todas iguais, a pele que já tem 87 anos e faz 88 em Dezembro mas que não sabe que estamos em Outubro porque as estações parecem todas iguais, o corpo que está velhinho e já não cura, só descura, a cabeça que está velhinha e já não aprende, só desaprende.

Porque a esta altura as estações, essas, são todas iguais.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Vivências 53


Continuo na senda da procura de emprego...

E partilhando um pouco do desespero do Coelho de Alice no País das Maravilhas: "No time! Have to hurry!"

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Experiência 22


Tenho tido uns dias complicados e sem dúvida tormentosos...
Tenho tido umas noites sem dormir e sem aparente descanso...

Já não sou quem era... e gostaria de voltar a ser, não me sinto bem na maioria dos locais e gostaria de voltar a sentir...

Está na hora, talvez não de partir mas, pelo menos de reflectir sobre toda uma existência que foi, já não é e quer em grande força, voltar a ser...

Até logo...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Em Fogo 28 - O Clique

Há dias tive uma conversa com uma amiga especial acerca de um fenómeno, para mim de âmbito paranormal, chamado "clique". Agora perguntam vocês, que raio de coisa é isso do "clique"?? Pois bem, trata-se de uma sensação que nos diz se sentimos, ou não, algo mais forte (leia-se paixão, atracção ou amor) por alguém.
Confusos? Se ficaram eu entendo pois não faço a minima ideia do que seja tal fenómeno, contudo, já tive a maravilhosa oportunidade de ouvir uma frase como "Desculpa mas não senti um clique por ti". Quando ouço semelhante coisa só imagino que, para estas pessoas, quando alguém se aproxima delas e sentem o "clique" deve ressoar género sino (mas mais soft) no cérebro ou ficam com alguma musica a tocar na cabeça como por exemplor a "Power of Love" dos Frankie Goes to Hollywood.
Eu acredito tanto nesse fenómeno como no pensamento positivo repetido do livro "O Segredo" da Rhonda Byne (eu bem digo todos os dias que vou ganhar o Euromilhões mas não há meio de sair!!). Acredito em atracção, acredito em conhecimento, acredito num toque, acredito num olhar seguido de diálogo mas, um "clique" instantâneo, para mim não serve.
Eu explico: em minha opinião, o tempo ajuda a que tudo se molde e só um contacto mais estreito com a outra pessoa poderá, ou não, demonstrar que vale a pena continuar ou manter apenas a amizade (um dos luxos cada vez mais raros neste Mundo). Uma pessoa que pareça não ser o nosso género ou não ter nada em comum, numa primeira impressão, possa revelar-se ao longo do tempo o seu contrário ou não... só o conhecimento aprofundado dessa pessoa me pode dizer se vale a pena arriscar mais que a amizade.
Aquelas pessoas que dizem não sentir o "clique" e, com isso desistem de ver mais do que a amizade, fazem-me confusão... no entanto respeito-as. Será que a causa disto reside num Mundo cada vez mais veloz e onde não se pode perder tempo? Um Mundo onde conversar, trocar impressões, dialogar por horas pareça cada vez mais dificil? Um Mundo onde preferimos olhar a aparência em vez de olhar para dentro da pessoa? Um Mundo onde preferimos vir ao "Momento da Verdade" revelar o intimo para ganhar 250 mil euros em vez de falar desses assuntos com quem de direito ou ficar calados de todo?
Eu sou da opinião que devemos arriscar, lutar pelo que vale a pena, sentir sem medo e dar um passo à frente em vez de dois para trás mas, lamento, comigo o "clique" não funciona e ate acho piada a musica dos Frankie Goes to Hollywood (em doses moderadas).
Com "clique", ou sem ele, conversem, conheçam as pessoas que vos rodeiam, tentem saber mais, sejam curiosos e talvez valha a pena o esforço.
Carpe Diem.

sábado, 11 de outubro de 2008

Resumo da semana I

Tenho andado a magicar sobre o que escrever, mais por excesso de temas que por falta deles e ainda não me decidi.

Tinha pensado escrever sobre o fecho do meu Blog que era para não ter nome mas teve de ter, ou sobre o tão falado tema da semana que é o descalabro da economia mundial e de como as pessoas entram em pânico (ainda ontem, no messenger, tive uma pessoa em quase histerismo a dizer-me para levantar dinheiro do BPN porque sabia de fonte segura que ia fechar. Não digo que não seja verdade, mas calma...!) - é caso para preocupações mas vamos lá a aguardar, sim? - e até tinha pensado escrever sobre uma coisa que ontem tinha estado a falar com a minha amiga C. (uma delas, porque quando me pus a pensar nas minhas amigas, as três grandes que tenho, verifiquei que os nomes de todas elas começam por "C".), aquela que geograficamente está menos acessível, e que comentava comigo que seríamos eternamente a geração à rasca.

Bem, sobre o meu blog não tenho afinal muito para dizer. Deixou de me dar prazer.
Não, não foi escrever nele que deixou de me dar prazer... os que me liam atentamente e com o que eu chamo "olhos de ler" conhecem-me o suficiente (de certeza, e se não sabem isso foi porque nunca leram com os tais olhos de ler) para saber que eu não consigo ficar sem escrever. Por muito parvas que as coisas sejam, são as minhas coisas parvas. No fundo o que me deixou de dar prazer foi escrever neste bairro que cada vez tinha uma vizinhança mais invasiva, ao género de num dia não estamos em casa e levam um pezinho de salsa emprestado deixando um bilhete sem agradecimento, nós calarmos porque mais pé menos pé não há crise e quando reparamos foi-se o vaso e nós sem coragem de abrir a boca (Thunder, isto não te faz lembrar dois vasinhos que demos a uns certos jardineiros, pois não??).
A bem dizer isso foi uma das partes que contribuiu para o todo. Esta vizinhança tem o hábito de fazer algo que tenho as minhas reservas que é justificar-se por tudo e por nada. Eu não sou assim. Não gosto de me justificar nem gosto de ler / ouvir justificações. Se as pessoas são as certas não precisam delas para nada. Para as dar às erradas mais vale ficar calado - se são erradas não saberão o que fazer com elas. Por isso um dos outros factores (estes dois directamente ligados à blogosfera) foi pôr um espelho no ditado que diz "nas costas dos outros vemos as nossas" e começar a ver as dos outros nas minhas.

E pronto, blog arrumado. Sim, arrumadinho num canto diferente, ou acham que ia deitar fora todos os meus quase 5000 posts, alguns deles tão pessoais que só eu sei ler o que lá está escrito e alguns tão profundos que nem eu me lembro de onde vieram?

Depois há o tema da crise financeira. Nos EUA a bolsa não estava tão em baixo desde 1933. Em Portugal se não estou em erro foi há 30 anos. E pelo resto do mundo não sei nem me interessa. Não sei porque não percebo mesmo nada de economia - a não ser a doméstica, onde sou mesmo muito boa (sem falsas modéstias) e consigo gerir os poucos recursos que esta empresa que são os Thunder's tem e por vezes ainda conseguimos lucro, mesmo que baixo - e não me interessa porque tudo tem uma sequência cíclica e agora está em baixa amanhã vai estar em alta e a vida continua, não pára só porque as bolsas estão em queda - não pára para alguns porque decerto muitos já se mandaram da janela abaixo em Wall Street - e a minha vida pouco se rege pela bolsa que pobre que se preze felizmente não tem muito a perder - do mesmo modo que muito nunca há-de ganhar.

E no seguimento deste tema encaixa-se a conversa com a C. A famosa geração à rasca. À rasca desde a concepção na época tumultuosa e indefinida do pós 25 de Abril de 1975, à rasca por ter sido cobaia de uma série de políticas experimentais no campo da educação até se descobrir que o modelo está em não educar mas impingir conhecimento, à rasca com os desempregos - desemprego é na nossa geração uma profissão extenuante - à rasca porque estando na transição entre as épocas pré e técnológica poucos acreditam que saibamos fazer o que quer que seja, à rasca porque basta dizer que estamos na casa dos 30 para sermos catalogados como uma porcaria de gente que nasceu na geração errada. Pior que tudo seremos ainda a geração à rasca na 3ª idade porque vamos apanhar o completo colapso do sistema de segurança social e tendo essa visão 40 anos antes sabemos que desempregos + baixos salários são incompatíveis com poupanças para sobreviver na reforma.

Assim, o que nos resta?

Resta aguardar que se confirme o fim do mundo em 23 de Dezembro de 2012 conforme previsto pelo calendário Maia.
Até lá pondero viver estes últimos 4 anos da minha vida como nómada e arranjar sustento em feiras a fazer terérés.

Até tenho um slogan: "Prepara-te para o fim do mundo. Aproveita a promoção téréré. Na compra de 10 oferta do 11º".




quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Vivências 52




A esterilidade é em algumas pessoas infinita...

E foi por conta da mesma que, o desemprego é hoje uma realidade para mim... Não o digo por "queixume ou sequer vendetta" mas, por ser realidade.

Quando criamos, sem saber, a Faculdade da Irrelevância Comparada, criamos os pequenos "monstros" que se tornam nossos "chefes": chefes de projectos, coordenadores de formações... ... ... enfim: "chefinhos" de mediocridade sublime e gente sem dúvida, incapaz!

Em vez de terem Psicologia do Comportamento Desviante, tiveram Gramática do Desvio, em vez de lerem sobre História e Sistemas da Psicologia perderam visão nos livros de História da Agricultura Antárctica... e depois, bem depois, foi todo um "chorrilho" de infelicidades de disciplinas que devem terem "calcorreado" aquelas pequenas mentes: Urbanística Cigana, Hipismo Asteca, Morfematemática do Morse, História da Pintura da Ilha da Páscoa, Literatura Suméria Contemporânea, Instituições de Docimologia Montessoriana, Filatelia Assírio-Babilónica, Tecnologia da Roda nos Impérios Pré-Colombianos, Iconologia Braille, Fonética do Filme Mudo, Psicologia das Multidões do Saara... enfim, toda uma "panoplia" de raciocínios estúpidos mas, sempre com muita agudeza...

Concluindo... são estes que comandam o País, são estes que comandam Projectos que, sem eles estariam melhor, são estes que culpam os outros pelas suas asneiras e, em última análise, são estes que lixam a vida do cidadão que paga impostos, que é cumpridor mensal do pagamento da sua segurança social mas, que também, como estão no recibo verde... também são estes que ao serem despedidos, não têm direitos... como sempre SÓ DEVERES!

Mas já diziam os ABBA - correndo o risco de ser "pirosa" - "The winner takes it all, the looser as to fall!"

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Experiência 21


"A muito tempo atrás numa galáxia muito, muito distante..."

Que é como quem diz hoje, ou ontem ou coiso... alguém me dizia que não valia a pena escrever ou, ter ideias muito profundas acerca de grande coisa porque, as pessoas não só não são capazes de dialogar sobre elas, sobretudo se for dito algo que lhes desagrade e/ou vá contra a sua opinião mas também porque, são raros os "carolas" e eles, dizia a amiga, não frequentam a internet...

Concordei logo de seguida dizendo que, eu também não vejo a Fátima Lopes, não sei o que é a net nem sei o que raio vêem a ser "novelas portuguesas"... Depois de um aclamado VIVA, ainda disse: Ah, e lembrei-me agora mesmo que nem telemóvel tenho!!!!!!

A loucura foi total e o êxtase proliferou por toda a sala...

Fiquei todo feliz e orgulhoso e coiso e mais não sei o quê... foi do Caramba!

Contudo, alguém teve logo de cortar os meus 5 segundos de felicidade dizendo "Atão e a votação da Assembleia de 10 de Outubro hem?"... aí a coisa estalou! Não fazia a mínima do que falavam, esqueci-me que também não via o telejornal nem o canal da Assembleia... ous eja: estava Frito!

Uns gritavam: Sempre a Favor!
Outros: Contra obviamente!

E de repente, como quem não quer a coisa saiu-me um: Mas que raio de PANELEIRAGEM vem a ser essa do 10 de Outubro??????

Hoje doem-me as costelas, a cabeça, o baço (que não sabia ainda ter) os rins... e, não sei porquê: o CU! Bolas e continuo sem perceber nada do que é que eles queriam...

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Vivências 51


"Creio que o mais difícil talvez seja agir correctamente." dizia ontem, uma amiga enquanto falámos daquilo que fomos passando pela vida...

Com razão claro está, cheguei a uma outra conclusão: agir correctamente não é difícil, se agirmos de nós para nós, sem os outros à mistura é fácil.
Se agirmos de nós para nós, sem a opinião dos outros a sobrepor-se à nossa, é fácil.
Se agirmos de nós para nós, sem os outros nos darem razões para estarmos enganados, é fácil.
Se agirmos de nós para nós, sem termos coração cá dentro, é fácil.

O problema só se coloca porque no meio do certo e do errado, do preto e do branco, há uma infinitude de cinzentos que literalmente nos fazem duvidar e, na maioria das vezes, nos faz agir... menos... correctamente...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Experiência 20


"Pecado não é só o mal que cometemos. Pecado é também o que desejaríamos, mas que não temos forças para levar a cabo."

Esta frase era muitas vezes usada pela minha avó ainda num tempo em que o ar era doce e cheiroso, como se, algures tivessem deixado aberto um enorme frasco de compota, nunca achei que ela estivesse correcta, sempre o disse, agora com o passar dos dias, da idade acho que cada vez tem menos razão na sua afirmação... penso apenas que o dizia porque estava magoada, com ela em algumas coisas, com o mundo noutras...

Sentei-me no jardim, pela última vez com ela num dia, pouco tempo antes dela morrer... o chá resfriava, brilhava o sol. Já inquietas, grulhavam as aves. A Primavera chegava. Ocorreu-me que esta era a altura favorita do ano para a minha avó, dizia ele que esta estação, apesar de "(...) comprometer o equilíbrio da razão e das emoções é também a que melhor permite que nos sintamos mais gente."

Tinha-lhe contado que tinha terminado uma relação mas que me deixou muito doloroso... não só porque senti que essa namorada tinha levado parte de mim, da minha alma mas também porque ainda a desejava e agora, por muito que quisesse ela partia para um novo emprego e não mais nos veríamos... A minha avó olhou-me prolongadamente, limpou-me uma das lágrimas que estava a cair solitáriamente pela face e disse com o seu ar calmo de sempre: "Um engano maravilhoso, de que emerge tanto sofrimento, mas igualmente, esplendor: feitos heróicos, obras de arte, maravilhas do engenho humano. Tu, agora, vives nesse estado de espírito, sei... mas se bem te conheço em breve ele passará... se não passar poderás sempre pensar que isso só faz de ti mais rico, mais forte e com mais calo para não caíres na próxima situação!".

Continuámos a beber o chá que mesmo frio estava saboroso... hoje verifico que ela tinha razão mas, eu, ao contrário daquilo que ela tinha vaticinado, continuo sem aprender nada e a apaixonar-me por quem faz com que, mais cedo ou mais tarde, emerja de novo, o já conhecido, o já experimentado e vivido: sofrimento!

Avó, gostava muito de ti mas, tínhamos versões racionais e sentimentais muito diferentes acerca da vida!


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