
Entrámos no Sushi-bar a grande velocidade: estamos como crianças sedentas por todas as iguarias adiadas.
Findado o primeiro prato, eis que surge a conversa:
- Não interessa a idade que se tenha haverá sempre nesta vida coisas que vão escapar ao entendimento mesmo que as compreenda.
Acenei afirmativamente com a cabeça.
- Se não queria uma coisa séria para quê a mentira para que dizer que sim para quê o teatro... a fantochada!
Olhei, fixei os seus olhos vidrados e perplexos. Percebi que se senti-a verdadeiramente traído no meio daquele circo. Podia ter sido com qualquer pessoa, em qualquer lado mas... não foi naquele ser que de repente me pareceu minúsculo no seu metro e setenta e cinco. deixei que continuasse...
- Terei cara de palhaço? Serei entretenimento?
Aí esgotou-se a paciência, não estava à minha frente um deficiente ou doente mental, estava ali, um tipo inteligente, sentimental, e sim: um pouco crente demais para idade que tem e, para o meu gosto. Disse-lhe apenas:
- Podemos jantar e esquecer quem não tem interesse?
Olhou-me espantado e apenas referiu entre dentes:
- Tens razão! Há sempre na vida um momento em que somos malabaristas, outros em que somos trapezistas sem arame e outros em que somos o apresentador.
Passou um breve momento de silêncio.
E depois rimos o resto da noite falando de nós. Do que tínhamos feito durante todo o tempo que não nos tínhamos visto e de algumas pessoas... As que de facto, juntamente connosco, importavam de facto!