quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Vivências 18...


O teu cheiro como disseste e muito bem, um sábado destes, nunca se confundiu com o meu,
nunca se partilhou com o meu, nunca o cheirámos e, quem não soubesse diria que
teríamos apenas cheiro de perfume... fomos amantes numa época perdida, num tempo
parado só para nós, e parecia o reino, tinha, todo ele, adormecido.
Tinhamos, no entanto, risos semelhantes, livros partilhados e um sexo que ocorria,
na maioria das vezes de forma prazenteira, fluída e despreocupada, nunca apaixonada (já sei!)
mas com ternura, aquela que se espera dos amigos que se partilham e se vão partilhando,
inevitavelmente, uma vida inteira...
Chovia naquele sábado e nada faria supôr que nos levantássemos naquele ninho por nós
formado. Rimos quando afirmámos ao mesmo tempo: "Hoje faz-se dieta!". Dormiu-se na
forma esperada: em concha, enroscando maquinalmente o nosso corpo com o do outro,
e sempre que por vezes algo nos fazia acordar, ficavamos longos minutos a olhar-nos,
sem nunca perguntarmos: "O que se passa? Porquê?..." Depois falávamos do banal:
de como nos dava gozo ouvir os ventos fortes e a chuva brutal nas vidraças do tamanho de
paredes... Falávamos do Mundo: da política, das estatísticas, dos programas que viamos
do NG... Por fim, falávamos do casual: dos nossos amigos, dos últimos que viste e das
novidades que te contaram, dos que comigo se cruzaram e daquilo que rimos...
Chegámos à conclusão que, estavam todos "correctamente" casados, com muita filharada,
muita dívida e dor de cabeça... e que, não obstante, tal como nós, sentiam uma imensa
saudade de um tempo que hoje, só nós, é que ainda sentimos. Claro que fizemos o nosso
papel social e dissemos: "Oh como te compreendo!", não revelámos nada e, à noite, só os
nossos olhos consentiam essa sensação silenciada...
Queria muito nesse dia levantar-me... tu não! Queria muito ver o orvalho nas flores... tu não!
Então, enquanto lias, fui à varanda, estava de calções e uma t-shirt tua, descalça e, durante
minutos, o vento e a chuva bateram-me fortemente na cara e, o mar, lá ao fundo estava revolto.
Bateste na vidraça, pediste para eu voltar para dentro porque iria, certamente, apanhar uma
constipação, ri-me, disse-te que te amava muito e tu, ternamente, abriste a portada,
comigo fria e molhada, apertaste-me fortemente, quase que a chorar muito baixinho
disseste: "Eu também... tanto!"
Parou de chover entretanto, no segundo que se prolongou aquele abraço e, inesperadamente,
um sol vibrante e quente surgiu no horizonte aquecendo, de imediato, a casa. "Bom, parece que
ganhaste, vamos lá então a essa praia... Já sei, eu levo o livro, tu levas a prancha, eu levo a
paciência e tu levas... as toalhas???" - "Sim, é isso!!!" respondi-te, e de imediato comecei a
despir-me para colocar o bikini...
Tu fazias nudismo e, confesso, ainda bem, adorava olhar o teu corpo nu, ficava horas a contar
os teus sinais, a acariciar-te a pele bronzeada, a pentear o teu longo cabelo... Deitei-me um
pouco contigo na mesma toalha (a tal king size) que tu odiavas, despi-me também e, enquanto
lias, fazias-me festas ao longo das minhas mãos e chamavas-me lagarto, deitava-me em cima
do teu peito e dormitava descansadamente. Dormiste a dada altura também, com a cabeça
pacificamente poisada sobre o livro, tirei-to da cabeça e ajeitei-a. Abriste levemente um olho,
sorriste e disseste: "Obrigada... por tudo!"
Peguei na minha prancha e fui para o mar, havia possivelmente mais dois ou três surfistas,
um pouco mais longe, de resto a água, tal como a praia estavam desertas. Apanhei três,
quatro, cinco ondas e o mar estava espantosamente calmo. Não sei o que sucedeu, juro-te, mas
aquela última onda vinha numa formação perfeita, perfeita demais para se perder, apanhei-a
bem, cortei bem todo o tubo e, ao meio, sei que olhei para a praia e tu continuavas a dormir,
creio que terá sido ai que me desequilibrei porque a ultima coisa de que tenho recordação, é
da brutalidade da onda que, a cada metro, me atirava mais fundo, olhava para cima e só via
espuma, bolhas e os raios de luz perfurando todo aquele grande azul...
Tentei, com todas as forças nadar em direcção à superfície... ainda senti alguém mergulhar,
ainda senti a areia da praia mas, acima de tudo, naquele último momento, senti por fim, o teu
cheiro e julgo que foi uma solitária lágrima tua que me percorreu o lábio inferior.
Continuo a amar-te a ti e à tua "prisão"...
Continuo a amar o mar e a sua "liberdade"...
Continuo aqui... Para bem e para o mal!

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

maGIcais ao sushi #4


Neste oceano em que sou mulher
umas vezes és areia enrolado em mim
outras, falésia distante.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Peixe Crú...com aroma a saudade.

Quando era pequeno vivia naquele mundo de ilusão típico das crianças que pouco ou nada conhecem do mundo. O que sabia era da leitura e dos poucos programas de televisão que via (existiam). Lembro-me de viver na expectativa que o mundo não fosse tão aborrecido como o do Marco ou da Heidi. Aliás, apesar de tudo, sempre odiei a Abelha Maia e todos esses títulos de coisinhas boas que me apareciam à frente nessa altura.
O mundo ainda era inocente, mas aquele mundo não me agradava. Preferia as máquinas que lutavam nos Transformers, ou o fabuloso papel de heróis no Captain Power.

Agora essa mesma inocência perdeu-se. No mundo e em mim. Acredito agora que os meus heróis lutavam contra coisas reais e, ao mesmo tempo, impossíveis de acontecer neste mundo. Os meus heróis são agora as pessoas que lutam diariamente por uma vida melhor para si e para os seus, que se sacrificam todos os dias para conseguirem ter algo que valha a pena, que lutam para ver os seus filhos crescerem e serem alguém.

Este país está à beira da desgraça, como li em algum lado. E já nem o Optimus Prime nos pode vir salvar disso.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Segunda Oportunidade

Estou aqui, um começo limpo, uma folha em branco, uma linha de partida ou...?

Tantas pessoas, luzes e cores...muitas vozes, muitos sons...

O mundo à minha volta rodopia, passo rapidamente por “n” pessoas, todas sorriem para mim, todas olham para mim.

Não me lembro de como era antes, antes disto...do quê? O que é isto?

Onde estou afinal?

Não reconheço nada, não compreendo nada do que se passa há minha volta...sinto uma enorme saudade de algo que não me lembro...
Algo que me conforta...algo que me aquece...algo que me faz sentir seguro...

Tento recordar o que se passou ontem, mas não me vem nada à memória...onde estive, com quem estive, o que fiz, por onde passei...

Estou vazio, virgem, sinto-me pronto a receber...estou novo, ou renovado?

É tudo tão fresco e novo para mim...mas no entanto não estranho as cores, os sons, os cheiros...recordações?

Não.


Foi-me dada uma segunda oportunidade...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Vivências 17...

No primeiro dia sentimos uma espécie de frio que nos percorre a ponta dos dedos
e a extremidade dos lábios, depois há uma espécie de cegueira que nos coloca
num precipício e nos deixa dormentes. No primeiro dia, julgamos que
não passa...
No segundo dia criamos um qualquer tipo de imobilidade e ficamos com um
olhar inexpressivo, quase que acreditamos que aquela realidade
não será bem real, não será de facto. No segundo dia, julgamos que passa...
No terceiro dia temos a sensação de uma visão mais límpida de que, em todos
os poderes humanos, existe um delicado, ligeiro e quase imperceptível
desprezo por aqueles que dominamos. Só conhecemos a alma humana se
conhecemos, compreendemos e desprezamos (ainda que muito discretamente)
aqueles que são forçados a render-se. No terceiro dia, pensamos que passa...
No quarto dia, verificamos que não queremos que ninguém nos pertença de
facto, porque dando-nos conta desse desprezo que sentimos queremos
perdê-lo, não senti-lo, mas, ainda assim, temos um desejo meio obscuro,
meio secreto que ele/a seja só nosso/a, sem desprezo pela sua fraqueza porque,
logo de seguida se nos olharmos ao espelho, também somos fracos.
No quarto dia, o pensamento de que vai passar é mais forte...
No quinto dia, sentimos que as nossas alianças são demasiado complexas e
frágeis e, como todas as relações humanas: fatais. Têm de ser preservadas do
dinheiro, da pobreza humana e libertadas mesmo da sombra da inveja e até da
indiscrição. Bebe-se então para se entrar num êxtase momentâneo e armamos o
nosso circo. Os olhos ficam então injectados de sangue. Num primeiro momento
julgamos que vamos morrer, depois notamos que foi apenas o ritmo da nossa vida
que mudou. No quinto dia, acreditamos que passa...
No sexto dia, ficamos absolutamente contaminados com essa febre, essa fúria
que não tem origem em nenhuma bactéria, água, planta. Quem bebe só, safa-se mais
facilmente. Nos dias que passam, a paixão está escondida na vida, tal como o tornado
se esconde atrás dos pântanos, entre as montanhas e florestas. Há no sangue apenas a
fúria do dia que passa e rasga a pele, o coração e os nervos. Passa-se então, a adquirir
um modo rígido, brando, correcto, bem-comportado para que não seja possivel notar-se
a sua paixão... Mas no seu íntimo é diferente. No sexto dia sentimos que passa...
No sétimo dia, a composição do sangue altera-se. Altera-se mas não se torna menos
extravagante: a raiva contida transpira por todos os poros, a febre aumenta e
a paixão também. Os olhos já só choram sangue e todos os musculos do corpo doem
de forma indescritível. No sétimo dia, sabemos que mudámos...
não sabemos é se foi para melhor!

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

maGIcais ao sushi #3


Fico por aqui partilho
conversas falo pouco
banho-me neste oceano.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Peixe Cru...com muito estilo

Acordei com umas ideias...que deram nisto.


Bem-vindos ao novo look do Sushi.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

Imaginário XXIII

Foi quando senti o "baque" que fiquei na dúvida se teria adormecido ou não. Pelo levantar brusco da cabeça sim, mas não tinha ideia de ter perdido pitada da viagem.
Depois de parar completamente o carro e garantir que ela estava bem olhámos uma para a outra e para a frente ... e de novo uma para a outra.
Creio que na nossa mente se formou a mesma pergunta: "Mas onde raio estamos nós?"

Ainda incrédulas e olhos nos olhos a primeira reação foi, claro, rir. Depois, já mais calmas, uma de nós disse: "Onde está a estrada?"

Foi bastante estranho. Vínhamos na auto-estrada, era de noite, tínhamos saído de casa.. de casa? A bem dizer eu não me lembrava bem de onde tínhamos saído. Perguntei-lhe: "Lembras-te de onde viemos?" "Claro! Não te lembras que saímos de... não, não me lembro." "Não te lembras de onde vínhamos, mas estávamos a ir para casa, isso eu sei. Viemos pela auto-estrada. Que sítio é este?" "Não sei. Temos aqui o mapa..."
Não a deixei acabar. Isto não era normal. Conhecíamos bem aquela auto-estrada, não havia nenhum aglomerado populacional ali perto, aquela zona era como um deserto, melhor dizendo, uma floresta. De onde tinha surgido aquela aldeia? De onde tinham vindo aquelas casas tão... diferentes, nada características daquela região e muito menos de Portugal.
"Mapa? Sara, tu conheces isto tão bem como eu, isto não existe. Olha bem à tua volta. Estas casas não são comuns, esta vegetação não é comum, esta luminosidade não é comum... NADA do que aqui está é comum! Por isso... ONDE RAIO ESTAMOS NÓS??!" - gritei eu quase em pânico.

Saímos do carro. Não era possível nem sequer avistar a auto-estrada, mesmo que tivéssemos adormecido as bandas sonoras teriam sinalizado que estávamos a desviar a rota. Teríamos embatido no separador metálico. Não era normal, o carro estava intacto, nós estávamos intactas. Lembrei-me deles. Os nossos homens vinham num outro carro atrás de nós. Onde estão eles? Porque raio não buzinaram, porque raio não vieram atrás de nós?

Ao sairmos algumas pessoas vieram ter connosco. Palavras como "Bem vindas" ou "Vão ver que vai correr tudo bem" eram dirigidas a nós.
E nós completamente estupidificadas. Mas quem é esta gente? Como sabiam o nosso nome?

Uma senhora simpática e afável veio "receber-nos"; pediu que fôssemos com ela. Pedimos-lhe que nos deixasse telefonar. Ela sorriu e murmurando que era normal que nos parecesse tudo estranho e ao início fosse um choque nos íamos habituar, que era bom, ao mesmo tempo que acenava com a cabeça em sinal de assentimento. "Vão ver que... bem, vocês descobrem por vós mesmas."
Os telemóveis estavam "mortos", rede nem vê-la. Era como se tivéssemos entrado na 5ª dimensão.

Queríamos tanto explicar que tínhamos que sair dali, que havia quem esperasse por nós, que estariam preocupados connosco... recebemos em troca sorrisos complacentes de compreensão. Algo se passava.

Fomos recebidas na casa maior onde cabíamos todos. Suavemente alguém nos disse que ninguém nos esperava. (Agora) seríamos nós quem esperaria por alguém. Que com sorte esse alguém se despistaria no mesmo sítio que nós ou num raio próximo e seria acolhido naquele agrupamento.

Afinal o paraíso tinha vedações.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Vivências 16...

É extraordinário como um pequeno apontamento pode mudar a nossa vida
da forma mais desconcertante...
O nascimento de um filho não planeado...
A descoberta de uma mãe há muito perdida nas nossas lembranças...
Uma doença inesperada...
A perda de alguém... quase que planeada...
Um sentimento de tristeza ou de revolta...
Um amor não correspondido...
Desculpem, disse "um pequeno apontamento"?! Enganei-me!
Qualquer um dos acima mencionados não é assim tão pequeno... ainda
assim, desconcertante!
Vendo bem, nada disto importa se tivermos em conta que tudo isto
depois de ultrapassado não significa mais do que o passado... existem
outras coisas para além do egoísmo, da paixão, da vaidade... da dor.
Em dada altura todos nós já mergulhámos (ou continuamos mergulhados) em
qualquer espécie de dor, de penumbra, de silêncio que antevê uma forma de morte
e depois, na maioria das vezes, seguimos: deixamos de adiar viagens,
começamos a seguir o instinto, e sentimos que estamos de novo a viver ou, pelo menos,
as lágrimas já não nos sufocam, o dia a dia torna-se mais suportável e as pessoas
deixam de nos transmitir aquele sentimento de náusea...
Depois, muitas das vezes, acordamos apenas para, de novo, nos sentirmos numa
espécie de febre que nos leva ao retomo do delírio, para a irregularidade já
vivida, já conhecida... Desta vez, após a mentira, não chorei, estava apenas
muito cansada, porque havia 4 noites que não dormia. Os dias passaram com
espantosa paz (ainda que artificial) e os analgésicos, os calmantes e todo aquele cocktail de
medicamentos improvisado aplacaram e deixaram agradavelmente dormente toda a
existência diária. Condensa-se a respiração numa espécie de sorriso,
mantemos a rotina normal e, garantidamente, ninguém dará pela nossa invisibilidade,
falam-nos simpaticamente, crêem que somos boas pessoas porque nada dizemos
e contudo... eu, de pé continuo ajoelhada numa reza fantasma pedindo apenas
para esquecer... deixar o tempo passar... querer que passe depressa...
Naturalmente, ainda sentimos todos, um vento de humanidade quando nos olhamos
ao espelho, quando os nossos reflexos se cruzam, quando os cheiros ainda
se notam... ouvimos murmúrios de palavras... promessas... que um dia
exprimiram vida, significado. Mas, mais tarde, é sempre outra coisa,
não seria bem aquele intuito...
Chegamos a um momento caótico em que os sentimentos, as palavras,
são todos supérfulos, transmissores de uma mania, teimosia, de acharmos que
ser-se humano é isto... E talvez seja. Só já não o é para mim... creio que para muitos de nós!
Sentimos-nos menos inteiros, mas mais sinceros connosco, sentimos-nos mais vazios mas
mais repletos de nós... e por vezes, há dias em que apenas, somente, não sentimos
e apenas queríamos que a verdade se soubesse sem a perguntarmos,
que os sentimentos (os poucos) se sentissem sem que pedissemos para serem ditos,
que o estar-se, o ter-se, fosse apenas assumido sem que para isso houvesse discussão...
Até lá, nada de facto vale muito... assim, deito-me hoje, como ontem...
em insónia, esperando apenas que a noite venha e outro dia nasça
e a noite venha e...

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

maGIcais ao sushi #2


De pernas para o ar
resolvi olhar o Mundo
assim vou ficar!

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Em Fogo 13 - O Prazer


Naquela noite levei-te a jantar fora, ao teu restaurante favorito. Durante o jantar não dissemos uma palavra, falamos com os olhos, tocavamos-nos com os dedos, entendiamos os gestos um do outro sem legendas.
No final perguntei-te se querias ir ao cinema ou beber um copo e tu, com o teu olhar doce e sincero, disseste que apenas me querias sentir... levei-te de regresso a casa e, ao abrir a porta, beijei-te profundamente. Senti a tua boca a calar a minha, os teus lábios a abrirem-se enquanto os meus dedos te percorriam o corpo como um equilibrista numa corda bamba, em sobressalto mas confiante.
Fui-te despindo num bailado cuja banda sonora era o teu arquejar, cada peça de roupa que te tirava era como a delicadeza de um pincel na tela, descobrindo a tua beleza crua e iluminando o momento com diversas tonalidades de vermelho. Olhavas para mim com essa doçura que me fazia desejar-te ainda mais e, com um leve sussurrar no meu ouvido, pedias que te sentisse...
Segurando a tua mão levei-te para o quarto, deito-te na cama e fico por momentos paralisado com a tua beleza exterior e interior... desço sobre ti e perco-me no teu interior, com a minha lingua, explorando cada recanto como uma possibilidade de encontrar a fonte da Vida.
Tu arquejavas e gemias, sentindo todo o prazer que te conseguia dar, abandonada ao prazer e querendo sempre mais... não conseguia parar de te explorar, de sentir esse corpo que tão bem conhecia em cada sinal, cicatriz, dor, prazer, sentimento...
O teu sabor provocando em mim ondas de prazer, arrepios de desejo e vontade de unir-me num único corpo. Quando te senti pronta, entrei em ti e foi, como sempre, um momento de descoberta e perda... de abandono do individual para a partilha do conjunto... de sentir a Mulher que foste, és e serás...
Tu pedias que te fizesse minha e eu respondia-te que tu é que me tinhas, como quando a Lua faz amor com o mar. Se me vias fechar os olhos perguntavas o que estava eu a pensar... eu respondia-te que preferia sentir-te assim, no mundo do invisivel, como se de um náufrago me tratasse.
No momento do prazer ficava a contemplar o teu rosto que se transfigurava em êxtase, deixando-te menos humana e mais éterea. O prazer de uma Mulher é como um segredo da Vida dizia-te e tu olhavas para mim sem compreender. Explicava-te que o prazer de uma Mulher é força de Vida, é como um tesouro que se descobre continuamente desde a primeira vez, é como a força da Natureza e um misto de sol/vento, quente/destruidor, intenso/indescritível.
Perguntavas se não me sentia farto de ti e eu respondia-te sempre que, quando amamos de verdade, essa pessoa é sempre uma eterna descoberta e um delicioso prazer.
Carpe Diem.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Peixe Cru com uma pitada de pó de sonhos


O passar do tempo torna-nos cépticos. Os sonhos de uma vida começam a ter menos sentido, à medida que começamos a encarar a nossa vida como ela relamente é. Ficamos velhos sem dar conta disso.

Por vezes, surgem momentos em que tudo isso desaparece e voltamos a ter os nossos maravilhosos anos de infância, em que nada sabíamos sobre o mundo, em que nada nos parecia difícil e complicado.

Penso muitas vezes em meter uma mochila às costas, desfazer-me de tudo o que tenho e concretizar o meu mais velho sonho de partir sem destino. Ir pelo mundo sem amarras e sem restrições, vivendo do que consigo arranjar em cada porto de vida que me surpreende. Ver novos mundos e novas culturas, aprender muito mais do que sei hoje.

Infelizmente, a âncora que nos prende à realidade vem e agarra-me à minha rotina. E o sonho volta para o seu lugar, um báu escuro e selado.

Hoje acordei a sonhar. Não com a mochila, mas sim com outros tempos em que era louco e despreocupado com o mundo. E ainda tenho um sorriso na face...

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Vivências 15...

Que momento redentor e raro este que passo convosco daquelas horas mais plácidas...
Que prazenteiros estes vossos silêncios, risos partilhados e conversas escutadas
que se vão perpetuando nas paredes ocas deste sítio e que acabam por preencher
o vazio sentido (de formas diferentes)por todas nós.
Há uma imensidão de pequenos pormenores das vossas histórias que me são
tão apelativos, tão reais, tão vividos que por vezes gostava de lá ter estado.
Os vossos prazeres mundanos certamente que não são muito diferentes
dos meus... um sitio para dormir onde não se oiça constantemente o gemer
de um colega a ressacar, um lugar onde a alimentação não seja fria e não tenha
3 dias, qualquer agasalho um pouco mais forte neste frio cortante que por vezes
se faz sentir durante a noite...
Depois... bom, depois, queríamos todos viver, viver um pouco mais,
sentir um pouco mais e sermos algo diferente daquilo que somos, somos.
O duche que corre, um cacifo que se fecha, uma chave que se entrega,
um adeus que se dá.
Um fim de dia que começa, apenas para recomeçarmos tudo de novo amanhã...
Fazemo-nos de novo à estrada na esperança de no fim do dia reencontrarmos
algum conforto, algum abraço ou beijo mais quente... não o encontramos sempre
mas no dia seguinte, o ritual repete-se e pensamos, como sempre:
"Talvez seja Hoje. Talvez Hoje me sinta Vivo!!"

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

maGIcais ao sushi #1

A medo escrevo
6-2=
e começo.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

Em Fogo 12 - Amarras



Certa vez disse-te que, se um dia, conseguisses cortar as amarras que te escondem da Vida serias bem mais feliz... tu não acreditaste e continuaste a recorrer a diversas formas de mascarar aquilo que dizias ser "a fome de viver".

Quando tinhas problemas de dinheiro recorrias aos teus pais e estes ajudavam sem terem a noção de que incentivavam a tua incapacidade de lutar. Quando te sentias em baixo sentimentalmente, porque te apaixonaste por um "bruto" em vez de um "carinhoso", desabafavas tudo com o teu ex que se sentia impelido a dar-te conselhos, mesmo se para isso se auto-flagelava por ser o tal "carinhoso". Se não podias comprar uma peça de vestuário ou umas botas amuavas e esperavas que o teu "bruto" as comprasse.

Assim qual é o rendimento que se tira da Vida? Viver é sentir, é perder, é amar mesmo que não sejamos correspondidos, é sofrer e com isso crescer, é falhar e levantar uma e outra vez, é cortar as amarras aos poucos e ser independente, é saber o que se quer mesmo que não se saiba o que andamos a fazer, é lutar por um futuro mesmo que os sonhos apareçam ténues, é não ter medo dos sentimentos ou de poder magoar se soubermos que com isso protegemos alguém ou a nós mesmos.

E não será a própria Vida uma amarra? Não estamos sempre a planear o amanhã quando o hoje ainda não passou? Só quando obtemos a noção de que somos um fogo fátuo nesta Vida é que podemos dar valor ao aqui e agora... precisamos da noção de Morte para nos sentirmos vivos.

Ter amarras pode ser, por outro lado, um refugio quando esperamos que o dia acabe para cair nos braços de quem amamos, quando chegamos a casa e temos a nossa familia que nos acolhe sempre de braços abertos, quando estamos a descer fundo e um amigo nos estica o braço para nos puxar de novo à superficie sem que o peçamos, quando sentimos as lagrimas correrem dentro de nós e temos alguem que nos faz rir e esquecer por momentos a lágrima que queria sair.

Como em tudo na Vida, o importante é saber dosear o que precisamos e aquilo que podemos fazer, acreditando sempre em nós... todos temos capacidade para crescer, deixem-se flutuar no espaço da incerteza porque um dia ganham asas e descobrem para onde querem voar.

Carpe Diem.


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