quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Vivências 68...


O Alberto é rapaz para 60 e tal anos, economista de formação, foi profissional da área até por volta dos 30 e poucos anos.

Depois diz que, por volta dessa altura: "Senti-me cansado de fazer aquilo e tinha um amigo que, era restaurador mas muito mais velho do que eu. Perguntou-me certo dia: queres ficar com isto?. Disse-lhe que sim mas sem muita convicção. No mês seguinte via-me a braços com duas profissões. E ao fim de meio ano disse para mim: Alberto pá, não dás conta dos dois recados!"

Escolheu então o ofício de restauro. Há uns dias, dei-me como aprendiz na sua oficina dizendo-lhe a verdade: "Nunca fiz nada disto mas, se houver trabalhos para polir, carregar, montar e basicamente tudo o que os outros não quiserem fazer, então pode contar comigo!"

Sorriu-me de olhar gentil e disse, apareça um dia destes ali em baixo para ver se é Forte... Falamos e depois discutimos se é mesmo isto que quer fazer ou se não estará enganada.

Depois de muito falarmos sobre o restauro e as histórias de vida de cada um perguntou-me: "Então e quando é que pode vir? De que horas a que horas?"

Começo hoje!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Experiência 31


Este fim-de-semana, descobri que: no sábado, quando devia ter saído de casa estive a estudar feito anormal para uma palestra que tenho hoje e que no domingo, quando devia ter ficado precisamente em casa, foi quando saí.

Confesso, já não aguentava mais aquelas 4 paredes, as malditas das pequenas recordações que me iam olhando e já estava a ponto de dar um berro ao primeiro: "É publicidade!" que me voltasse a tocar à campainha por isso, enchi-me de coragem e meti-me no carro... Adoro conduzir sem destino em particular... de repente dei por mim no lado de lá da ponte mas sem saber muito bem onde.

Estacionei o carro e saí sem nenhuma finalidade (mais uma vez)... comecei a andar, verifiquei que pelo cheiro que me chegava às narinas, não estaria muito longe do mar. Chovia cada vez mais e eu, não sei porquê mas ao invés de regressar furiosamente para o carro, continuei teimosamente a andar.

A dada altura sei que estava já sem sentir a roupa do corpo porque estava completamente encharcado... Por fim cheguei a uma pequena povoação, lá disseram-me que se era mar que queria deveria andar mais um pouco: "Olhe que fica já ali!". Olharam-me de soslaio e ainda ouvi uma das velhotas comentar: "Com este tempo... ele há gente...".

Assim fiz, andei. Por fim: a praia. Estava deserta, a areia molhadíssima... O mar revolto. Pensei: se fosse Verão... Ri-me. Mais molhado não podia estar, então para quê esperar a estação seguinte? Despi-me, sem falsos puritanismos ou medos tolos. Mergulhei. Nadei.

Senti-me liberto. E agradeci o facto de me ter perdido!

sábado, 24 de janeiro de 2009

Imaginário XXXIV

Enquanto estavam todos na galhofa debaixo daquele túnel que servia de passagem a tanta gente o olhar dele cruzou-se com o de um velho que casualmente por lá passou.

Enquanto por lá passava, velho e de pernas cansadas, apoiado na sua bengala que há tantos anos lhe fazia companhia, o seu olhar cruzou-se com o de um jovem que lá estava.

Por um qualquer motivo aquele velho não desviava o olhar, um olhar que lhe parecia familiar, um olhar que parecia que ele próprio já teria visto vezes.

As forças faltavam-lhe cada vez mais com toda a emoção de estar ali. Ali, naquele lugar, àquela hora, de olhar fixo cruzado naquele jovem que sabia ele ter 21 anos. Que ele sabia ter sonhos e ambições, que ele sabia lutador.

O olhar do velho não o assustava. Sentia que, nunca o tendo visto na aldeia nem nunca tendo saído de lá, o velho o conhecia. Sentia mais que isso, sentia que havia um elo entre ele e o velho.

Não sabia o que havia de fazer. Tantos anos volvidos entre a sua saída e este regresso ao sítio onde já não conhecia ninguém encontrava-se agora ali, no mesmo sítio onde 60 anos antes falava com os seus amigos sobre a sua vontade de sair da terra e procurar a emoção lá fora.

Aquele velho parecia saber qualquer coisa sobre ele. Tinha vontade de ir-lhe falar. Imaginou que o abordaria perguntando se precisava de ajuda.

Viu o jovem dirigir-se a si. Fraquejou. Não tinha pensado nessa possibilidade. Não pensou no que poderia ser dito.

Saindo do grupo acercou-se do velho. Perguntou-lhe se se conheciam. Que o seu olhar lhe era familiar.

Sentiu o cheiro do jovem. Ouviu a sua voz. A voz que foi sua.

Temeu que o velho se sentisse mal. Perguntou-lhe se estava bem.

Sorriu para o jovem. Que estava tudo bem, que nunca lhe tinha estado melhor. Acrescentou que a vida dele ia chegar para muitos sonhos. Que fosse fiel a si mesmo, que não se esquecesse - de si - que quando não soubesse com quem contar que contasse - consigo.

Conhecêmo-nos?

Tu ainda não me conheces. Eu conheço-nos.

Perguntou se o velho estava bem. Que enigma era aquele, quem era ele.

O velho recuperou da emoção. Ia seguir caminho, tinha ainda uma longa jornada. Não havia enigma: bastava que o jovem todas as noites se olhasse olhos nos olhos ao espelho.


O velho seguiu a sua jornada, foi andando lentamente pelo túnel fora até o jovem, ainda petrificado, o perder de vista.

O jovem correu para casa. Olhou-se no espelho. Arrepiou-se sem saber se tinha sido verdade ou não. O primeiro objecto que seleccionou para a sua maleta foi um espelho de mão da mãe. Teria que ficar em cima de tudo para se olhar nos olhos sempre que precisasse.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Vivências 67...


A Joana é "amiga" dos tempos (bons) do Padre António Vieira.

Depois tirou o mesmo curso que eu e chegámos a estudar juntas na mesma biblioteca... Mas depois: falávamos demasiado, ela, já na altura fumava em demasia e por isso, para muito "desgosto" nosso, ficávamos no café da biblioteca a discutir, muitas das vezes, o "indiscutivel". Daí que, muito do nosso estudo tenha sido feito "às três pancadas"... Na altura brincávamos com isso porque sempre dizíamos, já com o curso tirado: "Uma pancada ficou contigo e a outra comigo mas... e a terceira????"

Escusado será dizer que neste meio tempo a vida se encarregou de nos fazer cruzar com muita gente "pancadística" e com muito trabalho cheio de pancada!

Entretanto, a Joana deu "o salto" que foi criado por mim e mais uma meia-dúzia de parvos que acreditavam poder mudar o mundo. Passou a ter consultório próprio. Assento num dos EMPREGOS mais porreiros que se pode ter. E ainda escreve para meia-dúzia de pasquins e um jornal sério.

Assim, conhecida por ser rapariga ocupada, foi com estranheza que recebi o seu telefonema numa destas noites a perguntar-me: "E então o que achaste?". Logo com um inicio surreal apostei num: "Boa noite!". "Claro claro - respondia a voz do outro lado - sim e como estás?"

O que se seguiu foi indiferente... porque no fundo o que ela queria falar era sobre um dos seus textos: "Criei um monstro". E durante mais de 12 minutos dissertou sobre política, futebol, cinema... Tive de a interromper e dizer: "Por muito que eu goste de estar ao telefone - que não gosto - que tal veres os meus olhos e saborearmos um café?"

Dito e feito... e depois em vez de 12 minutos foram 5 horas e tal de belo jantar oferecido pelo tal do belo Emprego que ela tem!

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Experiência 30


O povo tem o dizer: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos!

E quando se vão dedos e anéis?

O povo não explica e eu... claro, também não!

Tenho pena. Mas não sou do tipo de conseguir correr atrás do ladrão ou do talhante.

Não por cobardia. Apenas porque já o fiz e sei!

Sei que: O primeiro, dos dois casos é vão! Para quê correr atrás do ladrão quando, muitas das vezes a pessoa se "colocou à mão"? E o segundo para quê? Se foi a pessoa que lá colocou a mão?

Parece-me estúpido, sem lógica, sem causa, sem motivo ou ideia que tal justifique.

Portanto: vão-se os dedos E os anéis. Porque, nada disso significa, de facto, coisa nenhuma.

Sobretudo se tivermos em conta que: com as "próteses" que os outros SEMPRE nos proporcionam na hora, no dia, no momento certo, não temos nada que nos preocupar... principalmente porque: encontramos SEMPRE um bom prostético! Aqui, ali... acolá! Ah e depois nos Hospitais da especialidade!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Extra


Qual a medida?

Qual a medida de todas as coisas?
Quando é que chorar é suficiente?

Quando é que amar é o bastante?

Quando é que perder se torna cansativo?

Quando é que explicar um pensamento se torna vão?

Quando?

Quando?

No espaço de apenas 4 dias perdi a melhor amiga do meu avô (a sua irmã) que por acaso era, logo a seguir a ele, a minha - não a maior - mas, melhor confidente, perdi aquela que sempre foi a minha 2ª avó e aquele que era conhecido como: "O meu utente favorito!"... Depois de ter sido técnica em tantos projectos e ter feito tanto trabalho...

Quando é que pensamos: poderia ter ido com mais frequência à terra do meu avô para falar mais vezes com E.?

Poder-me-ia ter levantado mais vezes de madrugada, quando ouvia a minha "avó" que morava ao meu lado, para a auxiliar?

Poderia ter dito não, quando, tantas vezes o A. me perguntou: Sabe o que é estar uma vida inteira só Dra. A.?

Fiz muito. Disse muito. Não fiz nem disse tudo!

Se houvesse tempo diria...

.
.
.

... a E.: Quando o meu avô e nós estamos juntas, a vida é quase perfeita!

... a F.: Desculpe! Estava cansada não consegui acordar e queria muito estar a olhar para pessoa que amava o pouco tempo que também tinha com ela...

... a A.: Não sei. Mas hoje não está. Estou aqui eu! E tudo irá passar. Tem de ser, já passou por coisas piores... Hoje está melhor que ontem. Amanhã estaremos melhores que hoje!

Quando?

Não importa!

De facto o que interessa é que o façamos em tempo útil, depois... Bom, depois, mesmo que acreditemos na reencarnação, é sempre, sempre... Tarde demais!

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Vivências 66...


Fazia tempo que não bebia um bom copo de vinho tinto...
Fazia tempo que não comia um prato inventado por mim...
Fazia tempo que não estava com alguns amigos...
Fazia tempo que não estava cansada da conversa desses amigos...
Fazia tempo que não falava do passado...
Fazia tempo que não recordava o presente...
Fazia tempo que não sabia o que era acordar de manhã e sorrir...
Fazia tempo que não sabia o que era acordar de manhã e pensar no que me tinha sucedido...
Fazia tempo em que me tinha perdido...
Fazia tempo em que já não me sabia encontrar...

Mas...
O mais infeliz de tudo é que tinha esquecido que:
Fazia tempo que não sabia o que era chorar...

E soube então, naquele momento, que aquelas teriam de ser as minhas últimas lágrimas...

Porque: agradeci-as mas, não alteravam em nada, o que tinha sucedido.

Ravi tinha razão quando dizia: "Real love, real life: brings Sadness!"

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Experiência 29


Tive hoje enquanto jantava "descansadamente" e bebia um muito apetecido copo de vinho, a felicidade de ser interrompido por uma tipa um pouco mais velha do que eu... Até aqui, tudo bem. Não tenho nada contra aos desconhecidos mas tenho, confesso, contra a interrupção...

Afirmou, como se nos conhecessemos desde sempre: Tinha toda a razão!

Sorri-lhe no meu, já conhecido, sorriso de sempre: entre o simpático e o "ca raio!..."

Voltei a olhar para o prato e tive a sensação de: "Ok, bota a baixo que para gente amalucada basta-te a vida!" e "mergulhei" de novo no livro que lia, no jantar e no vinho.

Passados nem sequer 20 minutos, quase a medo, pergunta: Posso sentar-me? E eu que não sei dizer: "põe-te mas é a andar!" disse quase contrariado: "sim, claro"... Assim como assim também já estava sozinho. Fechei num ápice o livro e virei-o e costas porque reparei que a sua curiosidade ia além de ouvir as conversas alheias.

Contou-me a sua vida... "Deu-me" (para ler mais tarde o "El País") e ao contar-me a sua vida perdi-me nos seus olhos azuis claríssimos, nas suas mãos gentilmente torneadas, na sua voz doce... E ela perguntou-me vendo-me distraído: "O que lhe conto não lhe interessa pois não?" - Foi quando reparei que tinha razão e a olhei com vergonha dizendo: "Interessa mas perdi-me em pormenores..."
Descobri que entre exilada politica (cubana) tinha sido adida de Color de Mello e que entre a Finlândia, a África do Sul e a Indonésia tinha passado por uma data de cargos e países, tinha uma "bagagem" cultural que nunca mais acabava e que as 5 horas que passámos juntos pareceram 5 minutos...

Marcámos encontro para amanhã que não trabalho... Confesso: estou ávido!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Vivências 65


Hoje, não sei se por ter começado bem o dia, se por não ter dormido nada de noite mas, a verdade é que o dia começou bem... Já dei umas fortes gargalhadas à conta do novo "ódio" no She Hate Me e já por aqui se apanharam duas ou três personagens que, se não eram saídas da História de Portugal mas valia serem...

Reparem, não critico porque gosto destas gentes: simples e sem maldade. Apenas acontece é que por uma questão de solidão ou de falta com quem estar, por vezes aparecem-me aqui, contam-me a vida toda e, não sendo dEuS, nem sempre tenho respostas...

Ou então pior... Tenho respostas e viram-me as costas antes de ter acabado o discurso... Não sei se é hábito aqui no Bairro ou se é por conta do Primeiro-ministro mas por vezes, ele há dias em que, pura e simplesmente, se não querem uma resposta: não perguntem... Eu agradeço.
Vou associar-me a uma Associação de jeito para a próxima vez...

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Extra...


O meu coração nunca deixou de estar no Jack... e para recomeçar bem... deixo-vos com outro Jack e com uma Alicia... Talvez valha a pena voltarmos a ser o que éramos no ínicio de tudo... She Hate Me


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