Causa - Efeito. Uma teoria que se torna cada vez mais visível na minha vida. Todas as minhas acções irão provocar uma reacção. Nem sempre agradável, nem sempre merecida. Mas são as minha acções que as provocam.
segunda-feira, 31 de março de 2008
Peixe cru com sabor a realidade
quinta-feira, 27 de março de 2008
Vivências 22...
quarta-feira, 26 de março de 2008
sábado, 22 de março de 2008
Imaginário XXV
Liga a televisão da cozinha para ver o notíciário. Abre o frigorífico, tira o sumo de laranja e dá um gole profundo directamente do pacote. É neste momento que ela entra na cozinha e ainda antes dos bons dias lhe diz que é um nojo fazer aquilo. Que vai baixar a televisão. Que as notícias só dão desgraças e é sábado de Páscoa e ainda são 6h da manhã, anda para a cama, os miúdos ainda dormem.
Sim, os "miúdos" ainda dormem, ser ou não ser sábado de Páscoa é igual, estão de férias e todas as noites vão para a borga com o dinheiro que eu trago para casa, a única coisa que peço em troca de sustentar estes vampiros é que me deixem ter das poucas manhãs por ano que posso ter para mim sossegado, beber o meu gole do pacote como faço todos os dias e ela não sabe, ver as minhas notícias.
- Vou ao escritório.
Dou-lhe um beijinho nas testa, sigo para a casa de banho, tomo o meu duche e faço a barba. Visto o fato, aperto o nó da gravata e saio.
É tão diferente conduzir nestes dias. Devia ser sempre assim. O telemóvel não toca. Estão todos nas suas casas com as suas famílias.Também eu deveria estar. Mas aquela não pode ser a minha família. O que foi que perdi?
Faço contas de cabeça para trás, quero saber onde foi que ao longo daqueles mais de 20 anos deixei de ter vontade própria e passei a ser um andróide motivado pelo trabalho e dinheiro. Subi na vida. Sou respeitado. Tenho o que chamam carreira. Tenho o que chamam família. Vamos a lugares finos onde se entra por convite, sentamo-nos lado-a-lado com a nata da sociedade.
Quantos sapos engoli eu para aqui chegar? Não sei. Nem sei quando foi que os comecei a engolir. A minha "família" nunca sequer pensou como foi que podem ter tudo isto, à custa de quê. À custa de quem. De mim, que vou aqui a conduzir, sábado de Páscoa, em direcção ao escritório para fazer nem sei o quê, apenas fugir, tal como Cristo não pôde fazer enquanto carregava a sua cruz.
Dou por mim a comparar a minha vida de lorde à cruz que Cristo carregou até ao Calvário. Um para bem de 5 pessoas, outro a bem da humanidade. Esbofeteio-me. Como me posso comparar a Cristo? Esbofeteio-me horrorizado com o meu sacrilégio.
Páro o carro ao ver a porta de uma igreja aberta. Entro. Lá dentro o que suponho ser o sacristão dispõe a mesa do altar. Dirijo-me a ele, procuro padre. Está a preparar a missa, diz ele, posso chamá-lo se precisar. Sim - agradeço.
Há anos que não me confessava. Há anos que não "pensava religioso". Saí de lá leve. A solução, por muito que eu não gostasse de a pensar ou materializar sempre esteve ali, a partir da altura em que olhei para a minha família e não reconhecia ninguém e pensava em que ponto foi que a nossa estrada deixou de ser a mesma para se dividir em duas quaisquer tangentes que só na altura da mesada se cruzavam.
Chegou ao escritório. Ligou o computador, abriu todas as suas pastas à procura de si e da sua intimidade. Não havia uma única fotografia de férias com as família. Não havia um único e-mail pessoal. Olhava abismado para o ecrã topo de gama, sentado na sua cadeira ergonómica em pele genuína e com um ligeiro impulso girou-a na direcção da janela. Do seu gabinete via mais de metada da parte ocidental da cidade, quase todos os dias tinha acesso a um pôr-do-sol perfeito e todos os dias o deixava escapar porque "amanhã há mais".
Voltou-se de novo para a secretária e começou a redigir um e-mail.
"Hoje termino de carregar a minha cruz. Quero ressuscitar para a vida."
Assinou-o e enviou. Saiu do escritório. Para o bem ou para o mal a sua decisão estava tomada.
Chegou a casa pouco passava das 11h da manhã. Não sabia como lhe dizer, a sua decisão estava tomada. Não sabia como lhe dizer que queria ressuscitar de toda aquela letargia de anos, que toda a família iria ser afectada mas que esta não podia ser uma decisão conjunta, era algo que ele próprio necessitava para ele.
Esperava que num acto de redenção toda a famíla compreendesse e apoiasse. Saberia que seria uma "prova". Sem apoio e sem compreensão nunca lhes poderia chamar "família". Fosse qual fosse a consequência tinha a certeza que a sua decisão era a mais acertada e a única possível.
- Hoje demiti-me.
quinta-feira, 20 de março de 2008
Vivências 21...
quarta-feira, 19 de março de 2008
segunda-feira, 17 de março de 2008
Peixe Cru com sabor a saudade
domingo, 16 de março de 2008
Ronda das Tascas 01
O Alfredo não queria namoradas... arranjou uma sem querer!
O Alfredo não queria casar... antes de fazer 1 ano de namoro... dizia convictamente na igreja "Sim!"
O Alfredo não queria, "nem por ordem de padre cura" viver em Lisboa... a namorada tinha casa em Lisboa e agora está morar mesmo ao mesmo lado!!!!!
O que o Alfredo certamente não quer é apanhar porrada porque o resto já sabemos: "Oh Alfredo deixa-te de tretas pá!"
Este domingo fui a um casamento, coisa inédita dirão certamente os que me conhecem bem! E dizem acertadamente mas, este teve mesmo de ser a pessoa em questão... fazia... questão!!!! E eu lá fui.... de boleia!
No dia anterior quem parecia a noiva era eu: estava uma pilha de nervos porque não sabia se haveria de ir de calças ou saias, vestido ou top... se levava as botas ou os sapatos... qual das écharpes levar e o que dizer aos noivos, aos pais dos noivos... A dada altura já só dizia asneiras e amaldiçoava o dia em que nasci e fui convidada!
Prometi aqui há uns anos que o meu casamento seria o último a que iria, escolha inteligente! Se não fosse tão tonta, lembrar-me-ia o que me levou a tomar a decisão e teria logo dito que não!!!! Mas isto da idade, de facto não perdoa, e pareceu-me bem que depressa esqueci tudo o que aprendi... Grande asno!
Regras para não voltar a um casamento de que espécie for:
- O padre fala sempre de coisas que desconheço...
- Nunca sei quando levantar e sentar ou o que dizer depois do Amén...
- Há uma altura em que toda a gente se benze tão depressa que na loucura frenética de os acompanhar, mais parece que estou a fazer uma bruxaria qualquer...
- Come-se sempre demais...
- Bebe-se ainda mais...
- Colocam-nos sempre numa mesa que somos os únicos sem namorado(a)...
- Há sempre alguém na nossa mesa que não conhecemos mas a quem depois sentimos a obrigação de falar para... não parecer mal...
- As músicas são estranhas, mas às tantas acabamos por dançar...
- Vamo-nos embora na melhor parte: quando toda a gente já bebeu demais e começa a dizer as verdades!!!!
Por isso... jovem, se tens entre os 18 e os 65 anos, pensas em casar mas gostas dos teus amigos, deixa-os na paz do senhor que eles... agradecem!
Sabor a A Ronda das Tascas
quinta-feira, 13 de março de 2008
Vivências 20...
quarta-feira, 12 de março de 2008
segunda-feira, 10 de março de 2008
Peixe Cru sem espinhas
domingo, 9 de março de 2008
Absurdo
Neste mundo difícil de acreditar, as coisas acontecem de uma só maneira, quando poderiam acontecer de tantas outras, sendo essas as que verdadeiramente interessam. Aprendemos a viver de uma só maneira, tão a mesma que nos confinamos a limites miseravelmente pequenos onde nos dissimulamos como animais. Personagens. Coisas que não fazem falta nenhuma. Como se de um palco de teatro se tratasse... histórias inventadas. Revela-se o eu, sem capa nem disfarce, no corpo de um boneco de papel. Por isso, viver é absurdo. A verdadeira vida não é aquela que nós vivemos, um dia a seguir ao outro, mas aquela que podemos sonhar. Aqueles mil mundos que podemos conhecer, sem sair daqui.
Isso é o mais importante.
Tenta-se fugir mas não se consegue.
Fechar os olhos para não ver. Olhar para o lado, usar o telecomando e ignorar o que nos tentam mostrar. Desligar o aparelho e optar uma vez mais pelo ritmo do som que se mistura com palavras desconexas formando trechos musicais que nada querem dizer. Um Top 40 contínuo, ausente de conteúdo que se contrapõe de forma inequívoca ao formato das notícias e dos comentários que a rádio tão bem sabia dar.
O mundo real passa a ser pintado em tons negros que se misturam com tonalidades de rosa, delineado pelos parâmetros do que o social pretende mostrar. As imagens tornam-se preponderantes e a palavra legenda os actos e os factos que os vestidos fazem desfilar. O que importa não é o que é, mas o que parece ser, e o que parece ser, há muito que já não é. Deixámos de saber e conhecer o verdadeiro sentido das coisas que se formam e diluem num contexto deformado face ao que acontece lá fora. A ausência da redoma revela a crueldade do mundo, uma construção sintomaticamente semelhante nas suas diferenças, como se a regência de uma só bitola tivesse transformado a nossa maneira de ser e compreender o que nos rodeia. Isso ausenta-se da sua forma e deixa de ser importante. Mais um fenómeno a juntar a tantos outros que vão acontecendo e que deixamos que nos entre pela sala, invada a casa com os sons que teimosamente não queremos ouvir e as imagens que desfilam para si mesmas.
Sabor a A Ronda das Tascas
quinta-feira, 6 de março de 2008
Vivências 19...
quarta-feira, 5 de março de 2008
segunda-feira, 3 de março de 2008
Peixe cru com entrada de poesia
Se de palavras simples
vivesse o mundo
que me rodeia, me envolve,
obrigado seria fácil de ouvir.
Amor, saudade,
partir sempre com chegar
fugir sempre com sorrir.
Faz-me falta ouvir
escutar agora
palavras que de tão simples
me fazem acordar e viver.
Amar, sorrir, brincar,
viver, sonhar, sentir,
libertar o que em mim me prende.
Quero hoje dizer obrigado,
palavra simples que,
por incrível que pareça,
não digo quando devo
e menos quando sinto.
domingo, 2 de março de 2008
Em Fogo 14 - A ti...
Sabor a Carpe Diem
sábado, 1 de março de 2008
Imaginário XXIV
Hoje é sábado e hoje apetece-me vir aqui ao sushi, mas apetece-me ficar em silêncio.
- Não, não tenho nada, está tudo bem.
Hoje é o meu dia de apresentar um tema e de se reunirem à minha volta mas não me apetece que se reunam à minha volta nem me apetece apresentar um tema porque o tema que me invade a mente é meu, íntimo, privado e não quero falar dele, quero ficar no conforto do meu silêncio mas quero vir aqui e sentar-me com vocês e sentir o conforto da vossa companhia e quero ouvir as vossas vozes comungarem do meu silêncio e... quero ficar aqui sossegada, quieta, olhar-vos, ver os vossos gestos.
- Não, a sério, quero apenas estar calada.
Hoje quero estar aqui. Estar, apenas estar. Existir aqui, existir com vocês, em silêncio. Quero fixar os vossos sorrisos, os vossos gestos, as vossas vozes.
- A sério. Posso estar apenas aqui?
Não estou à margem, não me marginalizem. Quero estar aqui e participar silenciosamente. Olhar-vos nos olhos e absorver as vossas expressões, o modo como se entregam ao que acreditam, ouvir-vos falar mais alto no entusiasmo das vossas exposições. Eu sei que é a "minha vez" e que não vim a semana passada.
- Preciso de estar convosco e preciso de o fazer em silêncio. Não estou aborrecida, não estou triste, não estou evasiva. Preciso participar de outro modo.
Porque teimam em querer acreditar que estar em silêncio é sintoma de algo? Sintoma pressupõe doença e não há doença, logo não há sintoma, logo não há problema logo não pintem quadros que não existem.
- Está tudo bem.
Sorrio. Beberico mais um golo. Olho-vos um a um e fixo-vos os olhares, os gestos, as vozes, as expressões, as feições, o entusiasmo, as distracções. Gurado-vos a todos na bagagem da minha alma. Respiro-vos, sinto-vos. Sorrio.
- Obrigada.