A Inês Pedrosa escreveu no Expresso, uma crónica que fala sobre duas coisas que realmente, são um problema na nossa sociedade: um actual, o malfadado "facebook" e outra, brevemente e tristemente actual o acordo ortográfico que recuso, também, a aceitar!!!! Leiam que é interessante ver certas coisas noutra perspectiva...
O nome da coisa é Facebook, o que começa logo por me irritar. Não tenho nada contra a língua inglesa - só não percebo porque me hei-de ajoelhar diante dela quando tenho a sorte de ter uma outra língua, menos internacional mas menos banalizada. O português tem palavras difíceis de traduzir - não é só a saudade; é, por exemplo, o desenrascanço. O inglês também tem coisas só suas: dizer "I'm longing for you" não é a mesma coisa do que dizer "desejo-te ardentemente", até porque ninguém pode dizer isto em português sem se rir. Como "I'm falling in love" não pode traduzir-se por "estou a ficar apaixonado/a", "estou a apaixonar-me" nem sequer "estou apaixonado". Estas três expressões não transmitem a sensação de vertigem lenta e fulminante de alguém que está a cair no amor. A capacidade de síntese da língua inglesa tornou-a o esperanto do mundo e apoucou-a. Grupos de rock portugueses cantam em inglês para chegar "mais longe".
O nome da coisa é Facebook, o que começa logo por me irritar. Não tenho nada contra a língua inglesa - só não percebo porque me hei-de ajoelhar diante dela quando tenho a sorte de ter uma outra língua, menos internacional mas menos banalizada. O português tem palavras difíceis de traduzir - não é só a saudade; é, por exemplo, o desenrascanço. O inglês também tem coisas só suas: dizer "I'm longing for you" não é a mesma coisa do que dizer "desejo-te ardentemente", até porque ninguém pode dizer isto em português sem se rir. Como "I'm falling in love" não pode traduzir-se por "estou a ficar apaixonado/a", "estou a apaixonar-me" nem sequer "estou apaixonado". Estas três expressões não transmitem a sensação de vertigem lenta e fulminante de alguém que está a cair no amor. A capacidade de síntese da língua inglesa tornou-a o esperanto do mundo e apoucou-a. Grupos de rock portugueses cantam em inglês para chegar "mais longe".
O inglês torna-lhes mais fácil escrever versos curtos e que, julgam eles, entrem no ouvido. Esta facilidade não tem compensado, e ainda bem: os cantores de língua portuguesa que conseguem maior internacionalização são os que se dão ao trabalho de criar na língua que é sua. Os poemas que Amália cantava não eram fáceis e chegaram aos Estados Unidos e ao Japão. Como chegaram os Madredeus, Mariza, Caetano Veloso ou Maria Bethânia. Por outro lado, as várias versões do português sempre se entenderam - não é por escreverem actual sem c ou os nomes dos meses com minúsculas que se entenderão melhor. Os brasileiros continuarão a chamar camisola à camisa de dormir e a usar o verbo trepar como sinónimo de transar, um verbo amável que os portugueses não têm. Além das diferenças vocabulares, persistirão as diferenças na gramática e na sintaxe - criativas, inspiradoras diferenças, que impedirão sempre a unificação dos manuais escolares nos países de língua portuguesa, mantendo a música específica de cada versão do português. Expliquem-me, por favor, para que serve o acordo ortográfico - e digam-me quanto desse dinheiro que não gastamos a promover a cultura de língua portuguesa ele nos custou. Quanto custou o tal lince descodificador? Quanto custaram as reuniões dos cérebros que produziram a maravilha? Quantos milhões de livros se deitarão para o lixo por neles estar escrito "afecto" em vez de "afeto"?
Agora, quando me falam da necessidade absoluta de estar no Facebook, respondo simplesmente: "Não entro numa coisa que nem sequer consegue ter um nome na minha língua." Facilita. As pessoas ficam a olhar para mim com um ar apiedado, julgando-me uma provinciana sem remissão. Sucede que a mim me parece que não há nada mais provinciano do que usar palavras de outra língua. É uma batalha antiga e dura: nos idos de 90 do século passado proibi os títulos em língua estrangeira numa revista que então dirigi e debati-me com uma incompreensão quase geral, à excepção (com um poderoso p) de algumas almas mais seguras e cosmopolitas. Alegavam que o próprio título da revista já era estrangeiro (francês); eu contrapunha que, por isso mesmo, convinha que a edição portuguesa fosse inteiramente nacional. Claro que não é só o nome da coisa que me afasta do Facebook: é o próprio conceito. Se já não tenho tempo para conviver com os meus amigos efectivos (com c), e com as pessoas que são da família ou que estão ligadas a mim por laços de casamento, para que me interessa criar milhares de outros, virtuais? Gosto das caras dos meus amigos. Tenho prazer em partilhar risos e lágrimas com essas caras. Há semanas, a minha cabeleireira perguntou-me se eu estava no Facebook - porque estava lá alguém a fazer-se passar por mim, com uma fotografia minha e tudo.
Agora, quando me falam da necessidade absoluta de estar no Facebook, respondo simplesmente: "Não entro numa coisa que nem sequer consegue ter um nome na minha língua." Facilita. As pessoas ficam a olhar para mim com um ar apiedado, julgando-me uma provinciana sem remissão. Sucede que a mim me parece que não há nada mais provinciano do que usar palavras de outra língua. É uma batalha antiga e dura: nos idos de 90 do século passado proibi os títulos em língua estrangeira numa revista que então dirigi e debati-me com uma incompreensão quase geral, à excepção (com um poderoso p) de algumas almas mais seguras e cosmopolitas. Alegavam que o próprio título da revista já era estrangeiro (francês); eu contrapunha que, por isso mesmo, convinha que a edição portuguesa fosse inteiramente nacional. Claro que não é só o nome da coisa que me afasta do Facebook: é o próprio conceito. Se já não tenho tempo para conviver com os meus amigos efectivos (com c), e com as pessoas que são da família ou que estão ligadas a mim por laços de casamento, para que me interessa criar milhares de outros, virtuais? Gosto das caras dos meus amigos. Tenho prazer em partilhar risos e lágrimas com essas caras. Há semanas, a minha cabeleireira perguntou-me se eu estava no Facebook - porque estava lá alguém a fazer-se passar por mim, com uma fotografia minha e tudo.
O que a fez desconfiar foi que esse meu fantasma pedia que alguém o ajudasse a administrar a página. Conhecendo-me há anos a cara, o cabelo e tudo o que nesses espelhos concretos se vê, a cabeleireira estranhou que eu pedisse essa "ajuda" . Uma amiga tratou de desmascarar imediatamente o fantasma - e recebeu um telefonema dos administradores do livro dos rostos pedindo-lhe o meu contacto para confirmarem a fraude. Claro que essa minha amiga não deu o meu contacto - mas conseguiu, pelo menos para já, acabar com o problema. Parece que já lá tinham aparecido amigos e conhecidos de há vinte anos que estavam a ficar ofendidos com a minha falta de resposta. Pois é: eu continuarei a insistir em ter uma vida real. Como se diz em "facebookês": sorry
Inês Pedrosa escreve de acordo com a antiga ortografia
Texto publicado na edição do Expresso de 17 de Julho de 2010
Inês Pedrosa escreve de acordo com a antiga ortografia
Texto publicado na edição do Expresso de 17 de Julho de 2010
13 sakês:
que conseguem maior internacionalização são os que se dão ao trabalho de criar na língua que é sua???
blasted mechanism
e há uns mais
Os poemas que Amália cantava não eram fáceis e chegaram aos Estados Unidos e ao Japão.
a voz de amália para élites nunca
espectáculos de massas
Como chegaram os Madredeus, Mariza, Caetano Veloso ou Maria Bethânia....idem, idem
Pois é: eu continuarei a insistir em ter uma vida real. Como se diz em "facebookês": sorry...
ok agora é só acabar com o blog
e as visitas à internet
e desligar a TV e passas a ter uma irreal vida real
Oh Deus, sem ou com ateus... o que julgo que a cronista (e acima de tudo, eu) quisemos chamar à atenção não será da total alienação daquilo que, de alguma forma, já se tornou na nossa forma de estar, comunicar diária mas sim, para o excesso dessa prática... Agora, cada um retira as ilações que bem quiser...
Sinceramente acho esse artigo muito pouco realista. O facebook não é o second life. Eu, por ex. só lá tenho amigos reais...e deste modo é uma forma de comunicar com amigos mais vezes do que comunicaria se não houvesse FB.
E quanto ao nome ser Inglês, isso é simplesmento estúpido. Ao que sei não foi nenhum Português que lançou o FB. É o mesmo que dizer que não usa o Google ou o Yahoo porque não têm tradução... Ou, se quiser ir mais longe, o windows.
Já eu, gosto do Second Life, embora passe lá muito pouco tempo. Do facebook não gosto.
OI. ESTIVE AQUI. GOSTEI. MUITO LEGAL. APAREÇA POR LÁ. ABRAÇOS.
afinal o artigo é da IP ou quê?
O DeusSemAteusAdeus tem toda a razão. quem quer saber da amália??? mitos é o q é. sem graça nenhuma. os estrangeiros a conhecem a amália têm mais de 60 anos, e n tarda morrem. acabou. os madre de deus, mariza? nem eu os entendo, qto mais um estrangeiro. voto nos blasted mechanism ;DDDD
o acordo ortográfico é um sapo dificil de engulir mas tb ao meu pai lhe custou habituar-se a deixar de escrever "quasi" e "eliza" e ao meu avô "pharmacia" e outras barbaridades q se lêem em jornais da implantação da republica.
o facebook tb é outro sapo q me obrigam a engulir eheheheh ou como diz uma amiga minha "bons tempos para os timidos e anti sociais, já estão no mundo"
secondlife? poupem-me, tlv dps de morrer mereça a second chance :DDDD
oi. Estive por aqui. legal o blog. a vantagem é que eles deixam de ser virtuais depois, se ambos quizerem.apareça por lá. abraços.
Vim a este lado espreitar...a minha opinião é que ela tem alguma razão mas não toda...concordo em ver as coisas na perspectiva dela e noutras perspectivas porque há mais...
Isso do nome da coisa irritá-la,paciência, não é fabrico português... como outros que conhecemos... vamos em frente...por acaso não domino o inglês...e tenho que pesquisar para saber a tradução...o que causa um certo transtorno...
Em relação aos que conseguiram levar a língua portuguesa para o estrangeiro,honra lhes seja feita...outros devem seguir o exemplo( até há algum tempo a história era diferente,defendia-se tudo o que era vindo do exterior)- Avancemos,
O acordo ortográfico é uma aberração...não tem qualquer sentido...as razões nem se prendem com o facto de modernizar a língua...são outros interesses que estão por detrás...enfim...nesta não consigo embarcar...
Não entrar o face porque o nome é estrangeiro...não concordo...é uma idiotice...e ela acaba por cair em extremos...enfim...usar palavras de outra língua é provinciano?!....
O face pode ser uma modernice....mas é tão modernice como outras modernices, se é vício estar no face, resta às pessoas controlarem esses vícios, não é um vício o tabaco? o café?...tudo o que é exagero é vício...até ter amigos reais e não os deixar pode ser vício...há quem nem saiba estar só...e precise de gente...( O caso da própria Amália)e isso também pode dar cabo de uma relação...e não foi o face...não vamos arranjar bodes expiatórios em qualquer lado...sim, ter mil e tal amigos é o mesmo que não ter nada...e há quem reúna muita gente para abarcar o maior número de leitores... têm outros objectivos...
O face é um sítio como qualquer outro, é preciso saber estar...sei de gente que não sabe...mas isso está nas mãos de cada um ...algumas pessoas expõem a sua vida pessoal ali, outras metem-se na quinta e por aí fora...cada um com o seu propósito...o meu é apenas partilhar aquilo que vou fazendo a nível artístico e nada mais e sinto-me acarinhada...tenho poucos amigos,a alguns já me comentavam no blogue...e é isso... Não podemos ser radicais!!!
concórdia direcione brindeiro trópicos sheet calmo cuecas blues multitempo pedido
Exacto. Há que haver algum equilíbrio. O facebook é mau, para quem mal o "utiliza". A verdade é que já juntou muitos amigos, e até família! No meu, também só tenho quem conheço. E é uma boa maneira de partilhar o que queremos (porque só se partilha o que se quer), com amigos que por algum motivo não estão presentes no nosso dia-a-dia. Para mim, é um meio de comunicação. Como um telemóvel, ou até mesmo um blog.
Já te sigo :) *
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