Tive hoje enquanto jantava "descansadamente" e bebia um muito apetecido copo de vinho, a felicidade de ser interrompido por uma tipa um pouco mais velha do que eu... Até aqui, tudo bem. Não tenho nada contra aos desconhecidos mas tenho, confesso, contra a interrupção...
Afirmou, como se nos conhecessemos desde sempre: Tinha toda a razão!
Sorri-lhe no meu, já conhecido, sorriso de sempre: entre o simpático e o "ca raio!..."
Voltei a olhar para o prato e tive a sensação de: "Ok, bota a baixo que para gente amalucada basta-te a vida!" e "mergulhei" de novo no livro que lia, no jantar e no vinho.
Passados nem sequer 20 minutos, quase a medo, pergunta: Posso sentar-me? E eu que não sei dizer: "põe-te mas é a andar!" disse quase contrariado: "sim, claro"... Assim como assim também já estava sozinho. Fechei num ápice o livro e virei-o e costas porque reparei que a sua curiosidade ia além de ouvir as conversas alheias.
Contou-me a sua vida... "Deu-me" (para ler mais tarde o "El País") e ao contar-me a sua vida perdi-me nos seus olhos azuis claríssimos, nas suas mãos gentilmente torneadas, na sua voz doce... E ela perguntou-me vendo-me distraído: "O que lhe conto não lhe interessa pois não?" - Foi quando reparei que tinha razão e a olhei com vergonha dizendo: "Interessa mas perdi-me em pormenores..."
Descobri que entre exilada politica (cubana) tinha sido adida de Color de Mello e que entre a Finlândia, a África do Sul e a Indonésia tinha passado por uma data de cargos e países, tinha uma "bagagem" cultural que nunca mais acabava e que as 5 horas que passámos juntos pareceram 5 minutos...
Marcámos encontro para amanhã que não trabalho... Confesso: estou ávido!
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