"Não queria que ele fosse embora... Se for Dra. não sei se aguento!"
O longo periodo em que me olhou nos olhos sem desviar o olhar, não me perturbou, não me ameaçou, nem me deixou cosntrangida... Mas a cada milesimo de segundo sentia que o controlo facial a desvanecer-se, a transpiração das mãos a aumentar e os olhos num crescendo...
Ravel entrou em cena e aquilo que terá começado como uma pequena manifestação de humor liquido peuniforme e repetitiva, teve um crescendo progressivo e creio que, estaria prestes a acabar em mi maior, não fora o ardiloso bocejar e creio que não o conseguiria ter enganado...
"Se ainda agora o encontrei, porque raio é que tem de partir e ir para tão longe..."
O Duarte chorava em larghissimo pranto e as unicas palavras que conseguia-a pronunciar a dada altura eram: "Não quero, quero mesmo!"
E como eu no meio da torrente compreendia aquela mágoa, aquela aflição, aquele imenso pesar...
"Acalme-se - pedi-lhe passado um pouco - não podemos prender as pessoas. Elas são donas de si como nós, somos senhores de nós e do nosso destino. Aliás quanto mais as prendemos, mais a perdemos... Prepare-se para o inevitável, para a dor, para o vazio... Disse-lhe tudo o que sempre quis? Lutou para que ficasse? Então está na altura de relaxar os musculos da mão e largar, deixar livre, enfim, ceder..."
"Você não percebe... não pode compreender, eu gosto tanto dele, estivemos separados tanto tempo e este reencontro agora soube a todos os Invernos, todos os Verões que não passamos juntos, todas as palavras que não partilhamos, todos os beijos e abraços que nunca demos e agora... perde-lo assim desta forma... então porquê este reencontro, para quê?"
Ele não sabia o quanto bem eu o compreendia... nesse dia também não ficou a perceber...
"Tem razão, não sei o que sente... Não sou sou você e não vivi essa relação... Não significa que não tenha razão em tudo o que lhe disse... A cicatriz cicatrizará... e você seguirá em frente."
Menti-lhe obviamente... este é o obvio tipo de cicatriz que não o é! É uma úlcera que sempre teimará em não fechar e que, não impedindo a vida, torna-a mais dificil, menos suportável... mas a palavras ressoam de novo: tem de largar, tem de ser... se voltar, é porque será seu...
A chaga mantem apenas uma coisa viva em nós: a noção de que se sentimos dor, estamos certamente vivos... podemos é não compreender que tipo de vida é essa...
O Duarte tem 33 anos e esteve durante 26 anos separado daquele que é um grande amor seu: o seu pai pelas razões menos obvias, o pai esteve anos a fazer trabalho humanitário no estranjeiro e voltou há coisa de 1 ano... Irá partir hoje para a Mauritânia e o Manuel não pode ir porque não está bem mas, não quer também perder aquele homem de quem durante tanto tempo nunca conheceu sequer cheiro...
É dificil perder cheiros, sobretudo quando estão aliados ao Amor...
É dificil perder...
Mas há que largar, se voltar terá de voltar porque o Duarte é mais importante do que qualquer missão, do que qualquer ponderação interna... de que isto ou aquilo é o mais certo!
Se fores o seu grande Amor, como tu é sentes, então Duarte, nada temas: Voltará! Voltará sim! Anseio é que não seja depois, tarde demais...
9 sakês:
Quantas vezes os pais ocupados a "salvar" outros se esquecem dos que precisam de ser "salvos", tão perto de si. "Mea culpa".
Tita
Já disse e repito, gosto mas desta me hate.
Eu também gosto desta Me Hate mas, a verdade é que esta Me Hate, só me tem dado dores de cabeça, de coração e muitas lágrimas... enfim...
Já agora aquilo do convite faz através do mail do sushi...
Já mandei.
Tita
Há que saber partir; há que saber deixar ir.
Saber partir deixa em quem fica um conforto que Francisco não tem. com esta partida torna-se verdade que o pai não ia "ficar para sempre" e que Francisco também nunca o deixou ir.
Precisavam mais tempo para se afastarem na paz e compreensão necessárias...
Exactamente os meus pensamentos... até de alguma forma, tranferidos para a vida pessoal...
Ok Tita já lá vou!
Ainda assim não consigo entrar...
Então porquê?
Tita
Não sei... vai através do meu pessoal... pergunta à Thunder!
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