quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Vivências 62


Aqui o estaminé está um desassossego... Em parte, claro está, devido à minha pessoa, outra parte devido às loucas das coleguinhas, outra ainda devido à novidade da forma de trabalhar e, uma última mas não menos importante devido aos putos que por aqui são mais do que as mães e me fazem pensar, precisamente se quero ser mãe... Já sei é que também não posso pensar muito senão dá disparate e qualquer dia...

A minha parte é a de sempre... Meto-me onde não devo e depois dou-me mal... Quis conhecer as minhas colegas, saber das suas histórias de vida, dos seus gostos e contra-gostos... Uma a uma foram-me contando excertos das suas vidas, vivências e falta dela. Partilharam-se gostos musicais, de leitura e tive o "azar" de dar um "conselho de leitura" e musica a uma delas que dizia que gostava de ler algo diferente do que tem lido... Na minha boa fé lá lhe disse para ler o "Livro do Desassossego" do Bernardo Soares (aka Fernando Pessoa) e que aquilo que estava a ouvir no computador tinha sacado da net no dia anterior (era "Lakmé" do Delibes, aka Clément Philibert Léo)...

O que eu não esperava é que a coisa a afectasse tanto, ontem chega-me cá e começa: "Os sentimentos que mais doem, as emoções que mais pungem, são os que são absurdos - a ânsia de coisas impossíveis, precisamente porque são impossíveis, a saudade do que nunca houve, o desejo do que poderia ter sido, a mágoa de não ser outro, a insatisfação da existência do mundo. Todos estes meios tons da inconsciência da alma criam em nós uma paisagem dolorida, um eterno sol-pôr do que somos...O sentirmo-nos é então um campo deserto a escurecer, triste de juncos ao pé de um rio sem barcos, negrejando claramente entre margens afastadas." Assim, sem olhar para o livro sem nada... eu, a da brilhante ideia tive de ir confirmar se tal excerto seria assim ou não... Era mesmo! Pensei: Mau, mau Maria! Então mas agora isto vai ser assim todos os dias????? Resposta pronta no gatilho que me desarmou: É das coisas mais bem escritas que alguma vez li... "Pedi tão pouco à vida e esse mesmo pouco a vida me negou." por fim, leio algo de jeito!".

Olhei para ela de soslaio e afastei-me já amaldiçoando a ideia (idiota!) que tive. Resmunguei mais uns 5 minutos e pedi-lhe que não me chateasse mais o cabeção com coisas do género porque tinha que trabalhar e os miúdos já estavam a olhar para ela... Agradeceu e disse-me que falávamos então ao almoço...

Pisguei-me com toda a velocidade na minha hora de almoço (como aliás faço sempre) e ao chegar, tive logo uma das outras colegas a dizer-me: "Bela merda! Agora anda-me a recitar livros e a dizer que chora sempre que ouve um dueto qualquer de flores não sei do quê!. Ainda agora chegaste e já andas a estragar-nos a vida... Ai que ainda te dou uma caxaporra nessa cabeça!". Coleguinha nada violenta na qual, não reconheço de todo, as tais raízes alentejanas que diz ter... Calei-me encolhendo os ombros e suspirando... Hoje aturo-a eu...

Entretanto os putos quando entram aqui lá vão gozando com a Callas e com os Depeche Mode... não sabem quem foram... nem uma nem outros... E como o feitiço vira-se sempre contra o feiticeiro, dizem entre dentes e sorrisos malandros: Freak de musica!

Mas em confessionário um ou outro já admitiu que esta musica é: "Muito calminha... pena é ser tão triste." ... Ouvia-se "Madame Butterfly"...

5 sakês:

pensamentosametro disse...

Quem te manda a ti meteres-te nesses assados. Olha nem sequer é a minha área e há muito que aprendi a lição de cor e salteado, é que sobra sempre para nós. Quanto aosputos é uma questão de tempo e estarão dominados pelo teu charme e graça natural.




Bjos


Tita

Anónimo disse...

Tita: em casa de ferreiro... espeto de pau! ;)

E no fundo... queixo-me sem razão... hoje estive numa loucura pegada de formação e afinses e já lhe senti falta... daqui a pouco volto para outro dos sitios onde trabalho (é sempre a dar-lhe) e se lhe der para recitar direi: Vá mulher, com força! :)

Quanto aos filhos... agora sim, tenho a certeza que não os posso ter... deste lado de cá já houve (em tempos perdidos) charme... deste lado de cá já houve (em tempos idos) graça... agora sobro só mesmo eu... :(

Anónimo disse...

ou seja...só sobra merda mesmo

Anónimo disse...

Anónimo que simpatia... a sua cobardia começa a ser confrangedora ou o medo de colocar um nome é coisa que assusta por demais?????

Terminando quero não lhe quero dar mais importância do que aquela que de facto (NÃO) tem... Não seria má ideia questionar o porquê de tanta bilis mal gasta... e a razão de não ir trabalhar em vez de passar tanto tempo no computador... não sei se já ouviu dizer mas, estamos em crise: faça-se útil a si e ao país... Many thanks!

Anónimo disse...

Faço minhas as tuas palavras...


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