terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Em Fogo 13 - O Prazer


Naquela noite levei-te a jantar fora, ao teu restaurante favorito. Durante o jantar não dissemos uma palavra, falamos com os olhos, tocavamos-nos com os dedos, entendiamos os gestos um do outro sem legendas.
No final perguntei-te se querias ir ao cinema ou beber um copo e tu, com o teu olhar doce e sincero, disseste que apenas me querias sentir... levei-te de regresso a casa e, ao abrir a porta, beijei-te profundamente. Senti a tua boca a calar a minha, os teus lábios a abrirem-se enquanto os meus dedos te percorriam o corpo como um equilibrista numa corda bamba, em sobressalto mas confiante.
Fui-te despindo num bailado cuja banda sonora era o teu arquejar, cada peça de roupa que te tirava era como a delicadeza de um pincel na tela, descobrindo a tua beleza crua e iluminando o momento com diversas tonalidades de vermelho. Olhavas para mim com essa doçura que me fazia desejar-te ainda mais e, com um leve sussurrar no meu ouvido, pedias que te sentisse...
Segurando a tua mão levei-te para o quarto, deito-te na cama e fico por momentos paralisado com a tua beleza exterior e interior... desço sobre ti e perco-me no teu interior, com a minha lingua, explorando cada recanto como uma possibilidade de encontrar a fonte da Vida.
Tu arquejavas e gemias, sentindo todo o prazer que te conseguia dar, abandonada ao prazer e querendo sempre mais... não conseguia parar de te explorar, de sentir esse corpo que tão bem conhecia em cada sinal, cicatriz, dor, prazer, sentimento...
O teu sabor provocando em mim ondas de prazer, arrepios de desejo e vontade de unir-me num único corpo. Quando te senti pronta, entrei em ti e foi, como sempre, um momento de descoberta e perda... de abandono do individual para a partilha do conjunto... de sentir a Mulher que foste, és e serás...
Tu pedias que te fizesse minha e eu respondia-te que tu é que me tinhas, como quando a Lua faz amor com o mar. Se me vias fechar os olhos perguntavas o que estava eu a pensar... eu respondia-te que preferia sentir-te assim, no mundo do invisivel, como se de um náufrago me tratasse.
No momento do prazer ficava a contemplar o teu rosto que se transfigurava em êxtase, deixando-te menos humana e mais éterea. O prazer de uma Mulher é como um segredo da Vida dizia-te e tu olhavas para mim sem compreender. Explicava-te que o prazer de uma Mulher é força de Vida, é como um tesouro que se descobre continuamente desde a primeira vez, é como a força da Natureza e um misto de sol/vento, quente/destruidor, intenso/indescritível.
Perguntavas se não me sentia farto de ti e eu respondia-te sempre que, quando amamos de verdade, essa pessoa é sempre uma eterna descoberta e um delicioso prazer.
Carpe Diem.

4 sakês:

Gi disse...

Há 25 anos que ele me dá esse prazer; espero continuar a sentir amor e prazer :)
Obrigada pela consiciência desses momentos.

Anónimo disse...

Kd se ama de verdade, há sempre algo mais a descobrir, pois estamos sempre desejosos de encontrar formas de simplesmente fazer a outra pessoa feliz...
Belo texto e bela descrição de um amor k vai sendo cada vez menos sentido e apreciado pelas pessoas... mt intenso...

V. disse...

Muito intenso, muito íntimo e ao mesmo tempo partilhável, bom equilíbrio :)

Brunhild disse...

Conforme prometido!...

Gostei muito do teu texto. :)
Não consigo dizer mais nada a não ser isso. Mas tb, acho que basta.
bjk


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