terça-feira, 28 de outubro de 2008

Em Fogo 29 - Dias de Chuva


São dias assim, que passam do céu azul para um cinza mais claro, escurecendo à medida do tempo e eu protegido na minha casa a olhar pela janela da sala recordo... o cinza torna-se mais escuro e cai uma gota, depois outra de... inicialmente a um ritmo lento e depois mais rápido, transformando-se numa tempestade em tarde de Inverno ti.
Depois vem o cheiro... aquele cheiro de terra molhada que se infiltra em todo o meu ser... o cheiro do teu corpo nas tardes de Inverno onde nos perdemos um no outro e criamos a nossa própria chuva em gotas de suor, no corpo do outro. Tu olhavas para mim e dizias que gostavas de ser uma gota de chuva para sentir a vertigem da queda e eu sorria.
Os dias frios de Inverno, tornados quentes na tua companhia... eu acendia a lareira e tu deitavas-te no tapete, a chuva a cair lá fora num ritmo cadenciado... olhavas-me nos olhos e dizias que nos dias de chuva é que te sentias tu própria e eu sorria.
Horas passavam e nós rodeados de sonhos por concretizar, de promessas a 2, de beijos roubados e caricias partilhadas... os dias de chuva eram nossos... o nosso refugio e a banda sonora para sentir o meu corpo no teu... não acendiamos luzes, partilhavamos antes o cinza do céu e entendiamos-nos como a nuvem compreende a chuva... tu dizias que a chuva era o teu segredo e eu sorria.
O teu olhar era como um lago... cada vez que te olhava sentia-me como que em águas profundas e a chuva a cair-me na pele... dizia-te que tinhas um olhar profundo, coberto de sonhos e tu inclinavas a cabeça a sorrir.
As pessoas que dizem que os dias de chuva são melancolia não sabem o que nós partilhámos...não entendem o que significou para nós... não percebem que a chuva pode ser partilha, emoção, amor, reflexão, musica... tu pedias sempre que eu te dissesse como me sentia quando estava contigo, eu respondia que era a mesma sensação deliciosa de quando cheirava a terra molhada depois de chover e tu sorrias.
Foi num dia de chuva que me disseste que ias embora... olhei para ti sem entender e perguntei porquê... respondeste que precisavas do Sol e que chuva já não te preenchia... pensei que palavras deveria eu dizer para te contrariar... no entanto, não disse nada e deixei-te ir em busca do teu Sol... sei que, se a chuva for importante para ti, acabas por regressar.
Agora, quando chove, estou na minha sala à janela... vejo as gotas que se formam e penso em ti... será que encontraste o teu Sol? Ou ainda procuras no meio deste Mundo inconstante de afectos alguém que te aqueça o coração? Eu por cá continuo a amar os dias de chuva e o cheiro da terra molhada e espero sempre um dia olhar e ver-te pingar de uma nuvem para mim na forma de uma gota de chuva.
Carpe Diem.

3 sakês:

V. disse...

Adoro os dias de chuva. Fazem-me sentir liberta. Adoro ver chover, sentir a chuva. Sim, há algo de erótico na chuva.

Quando essa pessoa descobrir que o sol não traz as mesmas emoções nem sensações que achiva vai regressar :)


Beijinhos

2007friend disse...

Desde que não esteja ela a interferir na nossa paz, á sim pode ser verdadeiramente uma reconfortante companhia para um fim de semana de amor....

Brunhild disse...

Não há chuva como a do Porto :D

Esta semana não há texto??? Ai, ai...

beijo


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