quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Imaginário XI - o anti imaginário

Há muitos anos (é o que dizem) havia uma linda donzela (também é o que dizem). Essa donzela premeteu que nunca iria interromper o seu crochet até chegar o seu príncipe encantado. As amigas dela diziam-lhe para ela ir para a night mas ela preferia ficar lá no cimo do castelo. Queria entrar para o guiness, mesmo que o rei seu pai se estivesse nas tintas para isso.

"Ó filha, preciso que cases com o Fréderic por causa de uma aliança."

"Ó papá, desculpa lá mas eu fiz esta promessa a nossa Senhora e não posso quebrar. O Fréderic não é o meu príncipe."

O rei já não sabia muito bem o que fazer, até porque aquele crochet estava a tornar-se interminável. Já tinham percorrido o reino todo à procura de novelos e a recessão por causa da falta de aliança com o reino de Frederic estava já num ponto tão mau que os impostos eram pagos em fio de algodão para que a donzela nossa princesa continuasse a cumprir a sua promessa.

Um dia, já metade do reino tinha sido transformado em campo de cultivo de algodão, não com muito sucesso por causa do clima, mas pronto, o papá rei perguntou como raio é que ela ia saber que era o seu príncipe se nunca saía de casa, nunca ia ao shopping, nunca ia para a night, não conhecia ninguém, nem sequer tinha ido para a faculdade.

"Ó papá, vê-se logo, então... ele vai mandar-me um mail a pedir para ser meu amigo no Hi5!"

"Mas ó filha, nós não temos internet!"

"Ó papá, mas isso é porque ainda não inventaram computadores. Vais ver que mais dinastia menos dinastia tudo se resolve."

O rei já não sabia o que fazer.

Resolveu entregar a regência ao seu melhor amigo e reformou-se. Foi para Marrocos e deu início à maior plantação de Cannabis do planeta. Ainda hoje é possível ver, sobrevoando os campos que foram seus, mensagens de pedidos de auxílio como "por favor, se és príncipe liga para o castelo da donzela Amarela e diz que és quem ela espera. Dão-se alvíssaras, pagas em Haxixe."

As amigas da donzela tornaram-se groupies da banda de trovadores e pensavam que todas as músicas lhes eram dedicadas. A dada altura os trovadores resolveram casar com elas só para elas ficarem em casa com os miúdos.

A mãe da donzela foi para um lar de qualidade, ou pelo menos era o que dizia a publicidade, já que quando lá chegou veio a descobrir que a Lili Caneças estava lá cheia de adesivos para lhe segurar a cara. Processou a empresa de publicidade e com o dinheiro que recebeu de indmenização de danos morais e visuais abriu uma escola de aeróbica.

Quanto à princesa donzela Amarela, das duas uma: ou nenhum príncipe sobrevoou a áera de plantação ou nenhum deles queria haxixe porque a donzela nunca saiu da torre. Também nunca ficou só, já que recorria frequentemente a serviços de acompanhamento, conforme a PJ veio a descobrir depois de investigar as contas do reino. Veio a descobrir-se também que ela passava largas horas ao telefone como padre Jeremias, já que toda a situação da promessa e depois os acompanhantes a faziam sentir-se pecadora, mas por causa dos quilómetros de crochet que já tinha não conseguia sair do quarto. Felizmente lembrou-se de deixar vaga a janela e recebia comida por lá.

E pronto. Foram felizes para sempre. Ou então não, mas também já ninguém se lembra.

12 sakês:

ThunderDrum disse...

Completamente doida...

wednesday disse...

LOL

cai de costas disse...

Ok, eu marco a consulta :-)

pensamentosametro disse...

È uma viragem interessante, gosto porque te sinto mais feliz.

Bjos

Tita

Anónimo disse...

Uma princesa amarela... não tem direito de ser feliz... vá mas é fumar mais uma ganza a ver se passa!!!!! Ha, ha, ha...

V. disse...

Thunder: já me conheces...

CdC: rápido antes que alguém tenha uma congestão!

Tita, Beijo

Me Hate: tadita, ela foifeliz à maneira dela. Lá entroupara o guiness do crochet... acho que era uma desculpa para não se casar ;)


Wed e Medusa, olhem que pode haver "mais do mesmo"... é só haver inspiração e ponho todos a rir!

Carpe Diem disse...

Sim senhora... pareceu-me um momento muito Lynchiano, com aquele toque delicioso do padre e o cannabis a lançar mensagens (porque é que a malta do Lost não se lembrou disso?).

Mas uma princesa amarela só ficaria bem com um principe azul, ou dai, talvez não... ela queria era paródia e crochet... ai as obsessões desta Vida :)

JustAnother disse...

Andas a ler os contos da Adilia Lopes ou que?!?! E que podia mesmo ser dela... uma historia de encantar nonsense e corrosiva! Gostei...

V. disse...

Carpe e Tuxa, mas que elogio, ein? Já comparada a autores como Lynch ou adília Lopes... não mereço, não mereço...

:)

Mas claro que gostei da crítica!

uma parte de mim (p'ai 20%) disse...

Aaaaahhhhhh! Muito bom!! Tas no teu melhor :D

eskisito disse...

Isto é uma espécie de Floribela conhece o Bob Marley, com uns pózinhos de Python pelo meio...GENIAL!
Beijos

V. disse...

Obrigados, obrigados :)

[Agora vem o stress do futuro possível desapontamento...]


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