segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Vivências 10...


"Sinto-me muitas vezes entre a margem da loucura e da sanidade. Creio que passar tanto tempo no meio da ponte só me ajuda a ver os outros passarem e a realizar que eu continuo na mesma!"
A Maria disse isto com o à vontade de quem está nesse ponte faz, de facto, muito tempo... mas acima de tudo disse-o já sem expressão de angústia na cara sem preocupação, sem vontade de nada...
Na realidade a Maria há muito que achava que a vida não era nada daquilo que ela tinha pensado, ou melhor, que ela um dia já tinha vivido e portanto acreditava que não estava aqui a a fazer grande coisa: "Nem útil me sinto!"
Os medicamentos já não faziam efeito, os internamentos compulsivos também não. Estava a dar a si própria a ultima oportunidade quando recorreu à psicoterapia... Suicidou-se passado 4 meses... Dizem que foi desespero, que já o tinha tentado antes e finalmente teve... "sorte"!
Creio que terá sido pena que ninguém se tenha apercebido que a única coisa que a Maria precisava era de alguém que realmente a ajudasse a ver o quanto bom é viver... O quanto difícil essa vida por vezes é mas, também, o quanto brilhante ela pode vir a ser.
Para todos os efeitos, a Maria nunca saberá o que é ter esse "gosto" na boca... e hoje todos choramos um pouco por ela.

15 sakês:

pensamentosametro disse...

A fronteira entre a loucura e a sanidade, onde se define a de cada um? mesmo a dos ditos mentalmente saudáveis?

É pena que muitas Marias não se salvem porque alguém, quem sabe esteve quase, quase, a estender a mão e no último momento a retirou apenas por falta de coragem.

Me hate,como sempre, deixáste-me um tema de reflexão, um aviso para estarmos mais atentos a quem nos passa ao lado.

Bjos

Tita

Carpe Diem disse...

Adorei o texto (sei q já parece senso comum) porque tocas num assunto q tantas vezes te falei nos nossos cafés... a loucura é sempre relativa e por vezes necessária, contudo existem pessoas q precisam de apoio e de quem as puxe de novo para a margem.

Existem muitas Marias que sentem o desprezo dos outros e também há aquelas que n querem ser ajudadas apenas porque pensam que nada têm...

O maior tesouro que podemos ter é olhar para o lado e ver q existe alguém para nos apoiar quer tomemos a melhor ou pior decisão da Vida... pode ser uma ou muitas pessoas desde que o façam com o coração e saibam ouvir (mesmo q com aparelho auditivo).

Saber ouvir e parar para ouvir é algo que se deve fazer cada vez mais porque assim se descobre o outro.

Termino este, longo, comentário com uma frase que penso ser adequada e da autoria de Monsieur de Montaigne: "...À beira de um precipício só há uma maneira de andar para a frente: é dar um passo atrás..."

Beijos
Nuno.

cai de costas disse...

Raramente alguém consegue dar essa mão - porque quem dela precisa tem que estar disposto a receber ajuda.

V. disse...

Como diz a Tita, onde está a fronteira?

E quem pode dizer se foi "sorte" ou "falta de ajuda"?

Para mim o suicídio é o acto de cobardia mais corajoso que alguém pode ter.

Anónimo disse...

Tita... por vezes a culpa é nossa, dos técnicos!

Somos poucos para tanta gente e há uma certa culpabilidade deste caso na minha pessoa porque acho sempre que podia ter chegado mais cedo, ter feito mais, ter dito mais...

Somos duas (eu e uma colega) e eles são mais de 30... por vezes apenas não é humanamente possivel!

Anónimo disse...

Nuno, só há duas coisas que se fazem (e podem fazer ) nestes momentos: ajudar e ajudar!

Mas quem não quer ser ajudado, lamento, não tenho tempo a perder... ultimamente ando a dar-me conta que 10 anos da minha vida os dei aos amigos, e mais de 6 os dei aos amantes... nada ficou de facto... apenas um maior vazio.

Por isso, quem quiser contar comigo estou aqui, onde sempre estarei, quem não quiser... desculpem-me o cinismo mas... é assim!

Anónimo disse...

Cai, não poderia estar mais de acordo!

Anónimo disse...

Thunder... uma das nossas maiores dificuldades é essa mesmo! Sabermos onde está a fronteira... porque essa depende grandemente de pessoa para pessoa... enfim...

Carpe Diem disse...

Compreendo o teu cinismo e sei o porquê dele, a Vida encarrega-se disso... de nos tornar mais duros e menos sensiveis.

Contudo, tenho de acrescentar que se nada ficou do que está para trás então olha em frente e aproveita o momento, ainda existe quem não desiste de ti.

pensamentosametro disse...

Me Hate,

Os técnicos são apenas isso mesmo, não são Deus. Também já tive o hábito de transportar a culpa do mundo às costas, não faças isso, é muito difícil deixar de o fazer.

Bjos

Tita

Anónimo disse...

Nuno... mesmo que todos desistam! EU não desisto de mim! E isso apesar de ser lição recente... está cravada!!!

Anónimo disse...

Tita o que transporto é mais uma pequena angustia muita das vezes do que outra coisa... e isso é bom, para me sentir viva... ;)

Carpe Diem disse...

Fazes bem em pensar assim Ana, mas fica ciente nessa cabecinha que EU tb n desisto de ti.

Anónimo disse...

Thanks! ;)

O Carmo e a Trindade disse...

Voçês estão cada vez melhores... este texto é prova disso mesmo!


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