quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Vivências 16...

É extraordinário como um pequeno apontamento pode mudar a nossa vida
da forma mais desconcertante...
O nascimento de um filho não planeado...
A descoberta de uma mãe há muito perdida nas nossas lembranças...
Uma doença inesperada...
A perda de alguém... quase que planeada...
Um sentimento de tristeza ou de revolta...
Um amor não correspondido...
Desculpem, disse "um pequeno apontamento"?! Enganei-me!
Qualquer um dos acima mencionados não é assim tão pequeno... ainda
assim, desconcertante!
Vendo bem, nada disto importa se tivermos em conta que tudo isto
depois de ultrapassado não significa mais do que o passado... existem
outras coisas para além do egoísmo, da paixão, da vaidade... da dor.
Em dada altura todos nós já mergulhámos (ou continuamos mergulhados) em
qualquer espécie de dor, de penumbra, de silêncio que antevê uma forma de morte
e depois, na maioria das vezes, seguimos: deixamos de adiar viagens,
começamos a seguir o instinto, e sentimos que estamos de novo a viver ou, pelo menos,
as lágrimas já não nos sufocam, o dia a dia torna-se mais suportável e as pessoas
deixam de nos transmitir aquele sentimento de náusea...
Depois, muitas das vezes, acordamos apenas para, de novo, nos sentirmos numa
espécie de febre que nos leva ao retomo do delírio, para a irregularidade já
vivida, já conhecida... Desta vez, após a mentira, não chorei, estava apenas
muito cansada, porque havia 4 noites que não dormia. Os dias passaram com
espantosa paz (ainda que artificial) e os analgésicos, os calmantes e todo aquele cocktail de
medicamentos improvisado aplacaram e deixaram agradavelmente dormente toda a
existência diária. Condensa-se a respiração numa espécie de sorriso,
mantemos a rotina normal e, garantidamente, ninguém dará pela nossa invisibilidade,
falam-nos simpaticamente, crêem que somos boas pessoas porque nada dizemos
e contudo... eu, de pé continuo ajoelhada numa reza fantasma pedindo apenas
para esquecer... deixar o tempo passar... querer que passe depressa...
Naturalmente, ainda sentimos todos, um vento de humanidade quando nos olhamos
ao espelho, quando os nossos reflexos se cruzam, quando os cheiros ainda
se notam... ouvimos murmúrios de palavras... promessas... que um dia
exprimiram vida, significado. Mas, mais tarde, é sempre outra coisa,
não seria bem aquele intuito...
Chegamos a um momento caótico em que os sentimentos, as palavras,
são todos supérfulos, transmissores de uma mania, teimosia, de acharmos que
ser-se humano é isto... E talvez seja. Só já não o é para mim... creio que para muitos de nós!
Sentimos-nos menos inteiros, mas mais sinceros connosco, sentimos-nos mais vazios mas
mais repletos de nós... e por vezes, há dias em que apenas, somente, não sentimos
e apenas queríamos que a verdade se soubesse sem a perguntarmos,
que os sentimentos (os poucos) se sentissem sem que pedissemos para serem ditos,
que o estar-se, o ter-se, fosse apenas assumido sem que para isso houvesse discussão...
Até lá, nada de facto vale muito... assim, deito-me hoje, como ontem...
em insónia, esperando apenas que a noite venha e outro dia nasça
e a noite venha e...

2 sakês:

Carpe Diem disse...

Sem palavras com esta intensidade de sentimentos... li tudo isto numa noite de insónia, mas é como se se tratasse de uma corrente de energia!!

O importante é acreditar que nem todos somos iguais e uns reagem de formas diferentes dos outros, talvez melhores ou talvez não...

Beijos
Nuno.

Anónimo disse...

Sem palavras...
Sem sentimentos...
Sem insónia...

Sem nada!

Só paz!


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