quinta-feira, 10 de julho de 2008

Vivências 39...


Começo a pensar que talvez esta minha “ondinha de boa samaritana” tem de acabar: primeiro, não tenho tempo e o que tenho já gasto mesmo em dois empregos a ser boa samaritana, mesmo! Segundo, a maioria das pessoas acaba por não dar valor ao que dizemos e no fim, faz o que lhe dá na dita “real gana”. Terceiro: Ufffffffffffffffffff…

Ontem depois de um jantar maravilhoso (feito por “moi”) na boa vontade de animar um amigo (mesmo “para lá de Bagdad” de cansada) a conversa terminou assim:

- O meu namoro de 6 anos não resultou. Lutei como um louco para as coisas dessem certo, sacrifiquei possivelmente, os melhores anos da minha vida e para quê?


- Se foi sacrifício as coisas já estão erradas – disse-lhe com a calma do cansaço que sentia – porque senão não sentirias isso como… “peso”!


- Não sei se será bem assim… Acredito que por detrás disso está uma recordação (passada) lhe tenha deixado tão pesadas marcas no coração e nos nervos da minha ex-namorada que por isso ela tenha perdido alguma capacidade de amar? Será possível isso? E o que é amar?


- Por favor – disse-lhe cortesmente – eu sou apenas uma psicóloga e uma mulher… ainda por cima com noções e padrões acerca da vida fora do comum. Não sei como responder a perguntas desse género.


- Acreditas que um amor possa tão poderosamente influir numa alma, impedindo-a, mais tarde, de amar qualquer outro?


- Talvez – respondi prudentemente e algo circunspecta de quem já passou por muito na vida e não gosta de emitir juízos precipitados – Se ouvi coisas semelhantes? Sim! Muitas vezes?... Não!


- O que se passa com a nossa alma quando nos apaixonamos?


- Na alma não se passa nada – disse-lhe sem delongas e com o cansaço a avançar a passos largos – os sentimentos não se manifestam na alma, seguem outro curso mas, podem também revelar-se na alma, qual corrente transbordando como se fora uma cheia.


- Então és da opinião que uma pessoa, sendo racional, inteligente, pode controlar uma cheia…


- Caro amigo – já com alguma falta de paciência – Ocupei-me dessa questão diversas vezes, e devo responder que, dentro de certos limite, sim, é possível. Julgo que a razão não pode bloquear nem despoletar os sentimentos mas, eventualmente, pode discipliná-los… Pode: aprisioná-los!


- Que nem um felino portanto, privado da sua liberdade!


- Precisamente! No inicio ele irá passear-se para a frente e para trás, rugir de dor, desespero e fúria mas por fim, quebra, perde o pêlo e os dentes, envelhece faz-se triste e dócil. Quando isto acontece, é obra da razão. O felino, que pode ser um: puma. Depois de lhe domesticarmos os sentimentos, podemos abrir-lhe a porta da prisão… porque no fundo já não é nada, nem, puma, gato…


- Diz lá isso de forma mais simples…


- Perdoa-me mas não só a minha fraca capacidade mental não o consegue explicar de outra forma como, neste momento se apodera de mim um cansaço cada vez maior… Sei que gostavas que te dissesse que é possível aniquilar os sentimentos com a ajuda da razão mas estar-te-ia a mentir e de facto, não seria então tua amiga. Mas posso dizer-te, eventualmente, para te consolar que os sentimentos, nos casos mais felizes, podem ser domados e mortificados. Olha para mim, eu consegui: sou um pálido reflexo do que conheceste mas, apesar de tudo... Sobrevivi!


Passado pouco tempo, o meu amigo acabou por se retirar e deixar-me no profundo dos silêncios que há muito desejava…

2 sakês:

Vera disse...

É tão difícil falar de Amor...
É tão difícil definir o que é isso de Amar e se podemos ou não Amar mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Não podemos porque o Certo é que amemos um, um só de cada vez. Mas podemos, porque o nosso coração não tem cérebro, nem neurónios, nem nada dessas coisas que fazem de nós um animal racional. O nosso coração mantém-nos vivo por bombar o nosso sangue e também por nos fazer respirar mais rápido quando a sensação de falta de ar se instala. E quando ela se instala...como dizer ao coração que não podemos? Que de cada vez só podemos ter um alguém que nos faz respirar mais rápido?
É difícil falar de Amor!

Anónimo disse...

O amor é o que tem de ser para cada um de nós! Não se julga, não se impõe! E, acho, não tem forma clara de se exprimir... daí o título dos meus "post": Vivências. São minhas: nem boas nem más, nem correctas nem incorrectas, são e valem o que têm de valer por si,e depois, por mim, que é o mais importante (ha, ha, ha, ha...).

( A sério) O que escrevi portanto está correcto dentro da minha "caixa vivencial" não tem, não deverá estar, "correcta" dentro das vivências dos outros...

Ainda assim, obrigada pelo comentário aqui "deslargado".


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