quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Vivências 44...


Por diversas vezes acreditei que podia encontrar a felicidade se conseguisse subverter o mundo para o fazer entrar no verdadeiro, no puro, no imutável, no que eu imaginei. E que esse mundo imaginado não era assim tão difícil de se gostar: em termos de leis, de sentimentos... puro!

Depois recordei que se eu própria não era pura teria de me fazer... e depois disso, achei que isso mesmo, iria levar muito tempo e que paciência desde logo, não era o meu forte. Pensei então que o mundo como estava e como era talvez não fosse mau de todo.

Encontrei-me muitas vezes no outro comum, com o outro amado com o outro distante. Entre muitas outras coisas, foi neste mundo real que me entrava esqueleto adentro, que aprendi a ter como janela para ver novas ruas, realidades e formas de estar. Sozinha não o podia fazer...

O quotidiano em si mesmo começou-me a ser maravilhoso: fosse nos seus pequenos recantos existentes, fosse nos inventados ou até, nos descobertos. A janela, em pouco tempo, passou a porta e a porta, não demorou a tornar-se vida, cheiros, toques...

Entendi então, que o caminho verdadeiro passa pela constante experiência de vivermos o dia-a-dia e de o mudarmos se assim tiver de ser.

Perguntaram-me há pouco tempo se não me arrependia de todas as decisões que tinha tomado na minha curta vida... Sendo sincera, tive de começar por dizer que não me lembrava de todas as decisões, que a vida é escolha constante e portanto tinha mais em que pensar. Mas daquelas que recordava (e que se assim é, seriam as importantes), haveria algumas que teria ponderado melhor sobre elas e outras que não mudaria uma vírgula.

A resposta não deixou a pessoa ou a questão muito esclarecida e então disse-lhe: vivendo o que vivo hoje, não me sinto infeliz, não me sinto extasiada ou sequer sempre realizada mas, olhando para atrás, com as limitações da idade, da falta de experiência e, por vezes - confesso - pela falta de paciência, fiz o meu melhor... O meu melhor de ontem, não é certamente, o meu melhor de hoje mas, ao menos os erros de ontem, não são os de hoje e isso, em última análise só posso dizer uma coisa: estou feliz com o que fiz, e sou feliz naquilo em que - ainda - me vou tornando.

O ar de interrogação não deixou o sobrolho do ouvinte e foi aí que, com algum cansaço e já (de novo) sem paciência, lhe perguntei: E então como foi a praia?

3 sakês:

Teresa disse...

Boa tirada para mudar de assunto?

Terei percebido a ideia?

Antes isso, que falar do tempo.

Beijo!

Anónimo disse...

Tinha de ser... compreendi numa fracção de segundo que por mais eloquente que pudesse ser nas minhas palavras, dado que a pessoa não vivenciou a situação, não a iria compreender... Assim, o melhor foi mesmo perguntar pela praia porque sempre deu para rir um pouco e desanuviar o ambiente... ;)

Namaste disse...

Há gente a quem é sempre melhor falar da praia, da cerveja gelada...do tempo, que de coisas tão vastas como ter vivido... viver...querer...


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