As casas azuis resplandeciam com os seus telhados azuis que brilhavam e reflectiam a luz azul do Sol azul. As crianças azuis, brincavam alegremente na cidade azul. Os pais azuis iam nos carros azuis para os trabalhos azuis com as suas roupas azuis.
Na cidade azul todos eram azulmente felizes. Os pássaros azuis chilreavam nos ramos azuis do topo das árvores azuis, volta e meia voavam para apanharem minhocas azuis enquanto as "pássaras" azuis chocavam os seus ovos azuis.
Os cães azuis passeavam pela relva azul, rebolando-se de felicidade, perseguindo gatos azuis que miavam, de noite, à lua azul.
As flores azuis deitavam um aroma fortemente azul na primavera, no outono as folhas secas azuis deixavam-se desfalecer a pousar suavemente nos passeios azuis e o manto azul crispava sob os passos dos habitantes azuis da cidade azul.
Na cidade azul todos eram azulmente felizes.
Um dia um forasteiro vermelho entrou na cidade azul. Todos os habitantes azuis olharam para a pessoa vermelha e o medo apoderou-se deles. Os seus longos cabelos vermelhos, os seus trajes vermelhos, os seus sapatos vermelhos... tudo era estranho para os cidadõas azuis da cidade azul.
Cercaram o viajante vermelho com cercas azuis.
O viajante vermelho foi então interrogado ferozmente pelos polícias azuis da cidade azul:
- O que estás a fazer nesta cidade? Tu não pertences a esta história.
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Imaginário XII - adaptação do imaginário de alguém
Era uma vez uma cidade azul.
Sabor a Thunderlady
Servido por V. eram 14:30:00
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6 sakês:
Então e o direito à diferença???
Beijos
Tita
A incompreensão... a não aceitação do outro... infelizmente, hj em dia, existe um enorme conformismo e formatação deixando pouca margem para o diferente.
No entanto, como bom sportinguista, um gajo de vermelho só pode ser má peça :)
Tita, é essa a questão.
Não tanto a xenofobia mas o medo dos que são diferentes, por nunca se ter visto algo diferente.
O medo que a diferença provoca.
Carpe, já tinha começado a escrever isto a semana passada e quando li o teu texto achei curioso como os assuntos se podem tocar.
Neste caso, a minha abordagem procura frizar não o aspecto da discriminação mas, como disse à Tita, o receio dos que são diferentes de nós e as reacções perante esses receios.
A diferença, o desvio da rotina e o aparecimento de algo que é estranho, por vezes assusta...
@carpe diem:
Como benfiquista, permite-me discordar da tua última afirmação... ;)
'Azulmente felizes'! ;) Eu sou mais 'vermelhamente feliz', se bem que ultimamente nem tanto... O medo da diferença, como se fosse quase algo que se pega, é muito triste. Excelente texto! ;)
Pode ser que agora me compreendam...
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