Hoje, e porque isto de não se fazer nada, por vezes também é difícil e, dá muito "prá" leitura... deixo-vos com o meu, muito conhecido...
Pensei inicialmente no Ruy mas, acabei por deixar a leitura a meio porque o Álvaro faz mais tempo que exigia a minha atenção...
O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto em alguém,
Essas coisas todas -
Essas e o que falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço,
Íssimo, íssimo, íssimo,
Cansaço...
(Álvaro de Campos)
4 sakês:
«O que há em mim é sobretudo cansaço -
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.»
Transcrevo tanto deste cansaço em mim.
Obrigada pela partilha.
Beijo
"Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser"
Este texto diz tanto e tão "tudo" que só mesmo citando-o se pode dizer mais!
O cansaço (o meu) nos dias que "correm", é fisico, é espiritual... É! Só espero, que nos dias que "andam" me façam um pouco mais lúcida e menos cansada!
E porque o texto que transcreveste Ana, é a realidade do meu dia-a-dia... eu estou cada vez mais cansada!
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