terça-feira, 13 de maio de 2008

Em Fogo 18 - De olhos bem abertos

Chovia... olhei para a rua e pensei porque teria combinado encontrar-me contigo numa esplanada num dia de chuva, estaria louco? É certo que apenas nos conheciamos há uns meses mas, cada vez que nos encontravamos era como se partilhassemos um tesouro.
Chovia... olhei para a janela na minha frente e, por momentos, reflecti sobre o que estava a sentir, estaria louco? Apesar de me sentir eu próprio quando estava contigo e poder fazer tudo aquilo que não esperam de mim, pensei que apenas nos conheciamos há uns meses.
Chovia... enquanto me vestia para ir ao teu encontro pensava, curioso... quando gostamos de alguém qualquer roupa fica bem, qualquer penteado representa o que somos e um sorriso aflora constantemente o rosto... apenas nos conheciamos há uns meses.
Chovia... quando conduzia ao teu encontro pensava o quanto é engraçada a Vida... num momento estamos sós e no seguinte encontramos uma pessoa que nos compreende, que ri do nosso humor, que partilha o mesmo silêncio... será isto tudo possivel quando apenas nos conhecemos há uns meses?
Chovia... quase a chegar à esplanada pensei, será isto que chamam Amor, a loucura de sentar numa esplanada à chuva com outra pessoa? Ou trata-se apenas de um engano deturpado pela solidão continuada? Apenas sabia que quando te via tudo parava, só ouço o som dos teus passos e o teu sorriso desfaz-me completamente mesmo que apenas te conheça há uns meses.
Chovia... escolhi a mesa e esperei... curioso como temos sempre de esperar por uma mulher, a diferença está sempre se vale ou não a pena fazê-lo... pensei que por ti valia apesar de apenas te conhecer há uns meses.
Chovia... tu finalmente chegaste e, para mim a chuva parou, olhei para ti de olhos bem abertos... reparei na forma como te aproximavas da mesa, reparei no teu cabelo encaracolado que te dava pelos ombros, notei os teus óculos de armação vermelha acabados de comprar e depois... depois esse sorriso... mesmo a chover como estava, tu sorrias e mesmo assim aproximavas-te da mesa, eramos os unicos na esplanada e ambos estavamos totalmente molhados, apenas tinhamos olhos para o outro.
Chovia? Sinceramente não notei, o teu sorriso deixou-me sem defesas e, simplesmente, deixei-me ir... Apenas nos conhecemos há meses? Não notei, parecia que estavas presente na minha Vida este tempo todo...
Sentaste-te na cadeira ao meu lado, a chuva caia, os nossos olhos não se separavam... não disseste nada e eu nada respondi... não me beijaste e eu também nada fiz... apenas ficamos assim sentados, a ouvir a chuva a cair ao nosso redor como se fosse a musica Karmacoma dos Massive ou uma balada de Bebo & Cigala... ficamos assim sentados por horas a partilhar o silencio de uma rua deserta devido à chuva.
Quando parou de chover levantámos-nos e demos o beijo mais profundo do tempo que nos conhecemos como se por causa dele o Sol quisesse espreitar e ver o que faziamos... dei-te a mão e tu seguiste a meu lado... quando chegamos ao carro disseste a única frase do nosso encontro, "sou tua", eu respondi "só te quero se tu me aceitares primeiro". Com isto abriste esses labios vermelhos num imenso sorriso que me bastou para entender a tua resposta, entramos no carro e seguimos o horizonte... tinha voltado a chover.
Carpe Diem.


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