"Natália,
O Carlos morreu, sento-me à beira da sua cama, não há mais ninguém para o chorar, no rosto dele não existe mágoa, saudade, raiva, desejo, vingança ou clemência, nada, nada... Apenas uma suprema perfeição de indiferença pura.
O Carlos um dia veio ter comigo, antes de toda esta loucura, antes desta falta de sono, destas emboscadas, abafados neste calor que não suportamos e disse-me, que amava tanto a mulher que tinha medo de a perder.
Relatou que no passado que não lhe dera tréguas, que era egoísta, orgulhoso e pouco humilde, e que, acima de tudo, nunca lho dissera.
Há pouco confessou-me que a mulher não o deixou, apenas porque veio para o Ultramar, e que aqui nesta distância abissal, o mundo, a violência... a selva... o tinha tornado, inesperadamente mais humano, eventualmente... mais digno dela.
Entendeu, nos seus últimos momentos de oxigénio que aquela forma passada de ser era apenas uma forma medíocre de estar com os outros e que isso o fazia, o tornava, também, menor!!!!!!!
Portanto, a selva, horas antes de o matar, ensinou-o a amar... equilibradamente. Até ali a sua paixão desmesurada tornara-o no homem com quem poucos gostariam de " tomar um copo", e de quem poucas mulheres se aproximavam... Agora sabia, que o verdadeiro amor é infinito, é paciente e sabe esperar.
Natália, escrevo-te, de novo em tão pouco tempo, porque esta nossa distância me parece a cada dia mais insuportável... Queria saber tudo o que sinto e o que me faz falta de ti, do meu mundo, do nosso mundo...
Mas sabes, mais medo tenho dessa "espécie de vida" que o Carlos experiênciou e que nem consigo descrever...
Até já, espero,
António."
António voltou... mais ou menos bem do Ultramar... Levou depois Natália a visitar, de mochila às costas, todo o país, dizendo-lhe: "ÉS MUNDO!".
Uma ideia ainda hoje o atormenta de forma única, como ao seu camarada e amigo Carlos: Já nada deseja... Apenas a VERDADE!
O Carlos morreu, sento-me à beira da sua cama, não há mais ninguém para o chorar, no rosto dele não existe mágoa, saudade, raiva, desejo, vingança ou clemência, nada, nada... Apenas uma suprema perfeição de indiferença pura.
O Carlos um dia veio ter comigo, antes de toda esta loucura, antes desta falta de sono, destas emboscadas, abafados neste calor que não suportamos e disse-me, que amava tanto a mulher que tinha medo de a perder.
Relatou que no passado que não lhe dera tréguas, que era egoísta, orgulhoso e pouco humilde, e que, acima de tudo, nunca lho dissera.
Há pouco confessou-me que a mulher não o deixou, apenas porque veio para o Ultramar, e que aqui nesta distância abissal, o mundo, a violência... a selva... o tinha tornado, inesperadamente mais humano, eventualmente... mais digno dela.
Entendeu, nos seus últimos momentos de oxigénio que aquela forma passada de ser era apenas uma forma medíocre de estar com os outros e que isso o fazia, o tornava, também, menor!!!!!!!
Portanto, a selva, horas antes de o matar, ensinou-o a amar... equilibradamente. Até ali a sua paixão desmesurada tornara-o no homem com quem poucos gostariam de " tomar um copo", e de quem poucas mulheres se aproximavam... Agora sabia, que o verdadeiro amor é infinito, é paciente e sabe esperar.
Natália, escrevo-te, de novo em tão pouco tempo, porque esta nossa distância me parece a cada dia mais insuportável... Queria saber tudo o que sinto e o que me faz falta de ti, do meu mundo, do nosso mundo...
Mas sabes, mais medo tenho dessa "espécie de vida" que o Carlos experiênciou e que nem consigo descrever...
Até já, espero,
António."
António voltou... mais ou menos bem do Ultramar... Levou depois Natália a visitar, de mochila às costas, todo o país, dizendo-lhe: "ÉS MUNDO!".
Uma ideia ainda hoje o atormenta de forma única, como ao seu camarada e amigo Carlos: Já nada deseja... Apenas a VERDADE!
0 sakês:
Enviar um comentário