Para ti...
sexta-feira, 20 de novembro de 2009
sábado, 10 de outubro de 2009
Imaginário XLII
O trapezista está tenso. Quanto mais salta mais confiança tem bem como mais certeza e consciência da perigosidade do salto.
Rufam tambores.
O trapezista olha, mira, avalia, sorri de nervos, sorri de felicidade - ele gosta de saltar.
Rufam tambores, não pode ali ficar para sempre no alto a segurar o trapézio. Tem que saltar, só assim tudo sai do suspenso e volta ao normal. É sua responsabilidade terminar: a sua apneia, a do público.
E se...? E se este é o último? E se for o último? E se... E se eu não pensar e fizer o que sinto e como sinto? E se a rede falha? E se a mão escorrega? E se tudo corre bem e termina como sempre num ruído de palmas entusiastas que lembra o mar agitado de ondas a bater nas rochas ... E se eu perder o medo e for em frente?
Quem no público olhava estarrecido o trapezista não imaginava o medo que ele tinha da altura, de cair, de escorregar, do balancé do trapézio. Via aquela figura imponente no alto, corajosa que fazia parecer fácil o malabarismo corporal no ferro balouçante. Via aquela figura segura sem medo que inspirava.
E ao som de um prolongado "ahhhhh" do colectivo extasiado o trapezista saltou e balouçou e fez o seu número sem nunca ninguém perceber mesmo sem ele esconder o medo que tinha de desapontar o público.
Sabor a Thunderlady
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
segunda-feira, 14 de setembro de 2009
Abraços esquecidos... E talvez... recuperados!
terça-feira, 4 de agosto de 2009
Vivência 79...
sexta-feira, 31 de julho de 2009
sexta-feira, 24 de julho de 2009
My Dying Bride - Cry of Mankind
Música odiada, alguns anos volvidos, música amada...passou de besta a bestial em cerca de 15 anos...
Sabor a Thunderdrum
terça-feira, 7 de julho de 2009
Imaginário XLI*
Esta é a história de um grão:
Era uma vez um grão de cereal que conseguiu fugir da saca na hora de ser despejado na mó de baixo.
O grão fugiu, fugiu, correu, correu, fugiu, fugiu, correu, correu e conseguiu chegar à mó de cima. Estava já tão longe que feliz da vida já nem se lembrava dos outros grãozinhos seus amigos e irmãos que estavam a ser esmigalhadinhos pela mó de cima, aquela onde ele estava tão são e salvo - pensava ele.
Basófias como era só lhe faltava uma coisa: outros grãos para ver a sua glória, a glória de estar na mó de cima. E enquanto por ali andava a ver se tinha espectadores nem viu um passarinho que esfomeado, truca!: abre o bico e lá se foi o grãozinho sem ter tempo de nem ai nem ui.
Sabor a Thunderlady
quarta-feira, 24 de junho de 2009
Experiência 41
Não dei pela sua chegada, estava de costas e, como de costume a ler. Reservei-lhe o melhor lugar, na melhor mesa e, na zona mais recatada, para não arranjar logo ali um primeiro desacordo.
Olhou-me com a pseudo-indiferença já conhecida e ocorreu-me, logo de imediato a pergunta: Que raio faço eu aqui?
Acabou por sorrir e cumprimentar-me profusamente dado o meu esgar de "poucos-amigos", como resposta ao seu primeiro cumprimento.
Sentou-se. Não agradeceu, como seria de esperar, o facto de lhe ter guardado o melhor lugar e de ter tido todos os outros cuidados. À partida, continuava a ter isso como ponto assente em qualquer situação. O melhor, o que mais lhe conviesse... seriam sempre seus, sem questões.
Pensei: Não mudou nada! E de novo: Que raio estou eu aqui a fazer?
A "pseudo-desta vez é que mudei mesmo" mantinha-se o que sempre se foi revelando: um copo cheio de coisa alguma! Ou talvez: meio-vazio, de coisa nenhuma!
Decidi ignorar e apreciar o jantar que tinha mentalmente escolhido.
Fez a "pseudo-conversa de que estaria ainda interessada no meu percurso", fez-me sorrir. Sabia que se estava pouco borrifando para isso mas, deixei-a continuar.
Passou-se pouco tempo até que as perguntar inevitáveis fossem feitas: Como estás? Andas feliz? O que tens feito? Estás com alguém?
Respondi monocordicamente para não dar demasiada relevância à verdadeira razão pela qual se queria encontrar comigo.
Prosegui o jantar.
Proseguiu o exame, desta feita, mais subrepticiamente: Então e planos para o futuro?
Respondeu-me com a mesma pseudo-verdade, com o mesmo pseudo-olhar triste e pesaroso como se todo o mundo fosse culpado pela sua desgraça e, acabou, como um Bolero de Ravel em êxtase numa pseudo-auto-comiseração.
Então, só então entendi... aquela não era uma mulher.
Era uma pseudo-Mulher que podia ter sido mas, nunca foi!
quinta-feira, 28 de maio de 2009
Vivência 78...

quinta-feira, 14 de maio de 2009
Vivência 77...
sábado, 2 de maio de 2009
Imaginário XL
(Dog speaking here*)
Dia 1 (5ª feira 9 de Abril): Ói??, a minha dona a passear-me a esta hora da manhã? Isto não é normal! Que fixe!
Hmmm, nunca tinha reparado no cheirinho que estas flores emanam logo pela manhã, que boa ideia dona, que fixe, que fixe, és a melhor dona do mundo!
Dona? Então vamos para casa outra vez? Ah, percebi, vais beber cafezinho. Hmm, está bem, vamos lá, mas olha que estou ansioso de ir para casa da avó que eu e o Ramika ontem ficámos a meio de um jogo muito giro!
Dona...? Dona?? DONA!!! Olha D. dona, vou ficar aqui a gritar até me ouvires, ouviste? Esta brincadeira não é gira, nada gira, nada nada!
Ou então.. será que não é brincadeira? Dona...! Esqueceste-te de mim? Dooooooooooonaaaaaaaaaaaaaaa!!!
Hmmmm, porque é que ela... hei! Hei!! Anda cá! Destranca a porta! Consegues ouvir-me? Anda cá, onde é que te enfiaste? Vou ficar aqui a chamar por ti até me ouvires!
(Depois de almoço...)
Dona.. onde é que vais agora? Não me digas que vais outra vez sair. E eu? Não tenho direito? Ai é? Vou entrar aqui nesta dispensa e procurar uma ferramenta para conseguir abrir a porta. Eu sei onde o dono guarda as coisas, eu vejo.. Ah pois é, vocês pensam que eu estou a dormir sossegadinho mas eu vejo tudo!
Ei... EI! SOCORRO! A porta fechou-se, tirem-me daqui, tirem-me daqui, tenho medo do escuro, socorro!
»Mete-se o fim-de-semana da Páscoa»
Dia 2 (Domingo de Páscoa): Olha... onde será que vamos? Neste carrito? Eles vão todos aperaltados, deve ser coisa importante deve.
Ai dona, esse perfume cheira muito, prefiro quando não pões nada, cheiras melhor, a sério. Mas eu gosto de ti na mesma. És uma dona muito linda, até me fizeste um corte de cabelo giríssimo e depois deste-me um banho que eu detesto mas eu sei que é para meu bem, eu sei, mas detesto! Detesto, detesto, detesto!
Ó donos.. onde é que vocês vão? Quem é este que eu não gosto nada porque nunca me faz festinhas? Que ... que sítio é este? Ei!! Ei, estão a ouvir? Não me deixem aqui fechado. Vá lá... levem-me com vocês...
Ai é? Não me ligam? Não me ouvem? Vou puxar por estas coisas aqui de lado, vocês põe sempre isto e qundo saem do carro tiram, por isso se eu tirar devo sair daqui, não é?
Bolas, estou farto de roer isto e o carro não se abre.
Ei, alguém me ouve? Socorro! Quero ir ter com os meus donos! Quero ir fazer xixi! Ei!!
Ninguém me ouve, é melhor roer mais, pode ser que consiga sair mais depressa.
Olha..., olha são eles! Boa, já não preciso roer mais, já posso estar aqui sossegadinho que eles estão a chegar.
Donos!! YES! Que fixe, chegaram, vocês ouviram-me! Não precisei roer aquilo tudo até ao fim!
Errrr... mas.. mas... porque é que estão a ralhar comigo? Eu pensava que se saía daqui se tirássemos isso.
Dia 3 (2ª feira 13 de Abril): Não sei porquê mas hoje já não tenho a casa toda para mim.
Mas como raio vou eu entreter-me? A piada estava em estar à porta de casa a gritar para a minha namorada me ouvir. Agora como é que ela me vai ouvir? Vou ter que gritar ainda mais alto. Estes meus donos não percebem nada.
Espera lá, porque é que ela virou a toalha para cima da mesa. Ah... estou a ver, deixa-me aqui a falar para o boneco, vai embora e ainda me esconde alguma coisa boa.
Isso é que era, não me chamassse eu Pootchie Nunes.Vou já ver o que é que está ali em cima da mesa.
Ups... ai ai ai... ela vai aborrecer-se. O cinzeiro. A caixa do pão. Opá... vai achar que sou um trapalhão. Quando ela chegar a 1ª coisa que vou dizer é que foi sem querer!
Olha, veio a casa comer. Acho que não está muito aborrecida, felizmente! É que foi mesmo sem querer. Ela é tão compreensiva... Boa! De tarde vou ajudá-la. Vou ver se consigo tratar de outras coisas cá em casa, como ... o lixo!
Dia 4: Esta dona... um cão a ajudar como pode e ela dificulta tudo. Tentei dizer para não perder tempo com o lixo que eu levava mas ela prefere assim, tudo bem. Vou ver o que posso fazer com estas caixas de cartão.
Dia 5: Hoje estou cansadito. Desculpa lá dona mas não te consigo ajudar em nada! Vou ficar aqui a descansar que chamar tanto por ti cansa, parece que não mas cansa. Já estou rouco!
Dia 6: Hoje também estou cansadito. Porque é que ela fecha a porta da cozinha? Deve achar que é muito engraçado ficar aqui fechado, deve. Aqui não tenho nada para fazer!
Vou ali fora. Caraças, como raio é que isto se abre? Eles põem a mão, puxam e.. já está ! Oh yeah! Afinal abrir portas é fácil, como é que não tentei isto antes? Que delícia, vou ali para ao pé da porta dizer a todos que estou crescido e já sei abrir portas!
Dia 7: Olha, ela fechou a porta outra vez, deve ter-se esquecido que já aprendi a abrir.Ou então é um jogo! Que giro, é isso, é um jogo!
Este jogo tem regras diferentes. Assim não vale, dona! Fizeste batota, trancáste a porta, assim não vale, esta brincadeira já não é gira!
Doooooooooooooonaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! (Ai que já estou a ficar cansadito. Se for bem a ver já não sou propriamente novo. Mas esta dona acha que sou um jovenzinho, é? Já nem consigo ouvir a minha voz!)
»Mete-se o fim-de-semana«
Dia 8 (2ª feira 20 de Abril): Óh dona, donaaa??!! Mas isto agora é todos os dias? Então agora fico aqui neste espacinho minúsculo que nem dá para me coçar, aqui sozinho à tua espera? Se isto é gostar de mim vou ali e já venho.
Já que não me ligas vou beber qualquer coisa, estou com sede.
Vou fazer sumo. Ouviste dona? Vou fazer s-u-m-i-n-h-o!
(Ouço a chave da dona na porta. AI como lhe vou dizer que correu mal?)
Sabes dona, sabes, sabes? Sabes? Dooona... Ai que nem imaginas, fez tanto barulho, isto é pesado, eu não sabia, ai que me assustei tanto dona... E agora... ainda tentei limpar isto tudo mas não encontro os panos. Ó dona... desculpa. Não, não. Não me cortei nem nada e o sumo assim é tão doce, blergh, não gostei, mas... deeeeescuuulpaaaa, não queria fazer isto. Desculpa sim? Desculpa... Desculpa, desculpa.
Eu ajudo-te a limpar... dona?? Banheira? Nãããão! Tu sabes que eu detesto! Ainda por cima a frio? Fogo! Estás mesmo aborrecida, isto é tortura, há leis dos direitos dos animais! Vou fazer queixa! SOCORRO!!
Uff, foi rápido. Eu ajudo-te a limpar, sim? Vá lá, deixa-me ajudar, deixa!
Olha que lindo que ficou! Adoro-te dooona!
E agora de tarde vou preparar um leitinho para o dono para quando ele chegar ver que me portei bem.
Ups. Porque é que isto está a esguichar por todos os lados...???
*Versão da dona neste post: Memórias de uma semana de cão (Versão da dona) [http://historiascommemoria.blogspot.com/]
Sabor a Thunderlady
quarta-feira, 29 de abril de 2009
Experiência 40
terça-feira, 28 de abril de 2009
Imaginário XXXIX - 2ª parte
... já tão longínquas que nem memórias eram. Já não eram nada.
Mesmo que ela pudesse compreender o que se estava a passar dificilmente o deslumbramento a permitiria converter os flashes em palavras compreensíveis.
Do seu lado de fora os médicos lutavam para a estabilizar e reconheciam nos seus murmúrios moribundos e tentativas de gestos que o tempo dela passava mais depressa que o tempo deles, sabiam por experiência que em segundos não poderiam fazer nada.
Ela, por seu turno, fazia a viagem mais surpreendente da sua vida.
Ela não tinha a percepção que esta sua viagem por si mesma ao longo dos seus 48 anos de existência, onde ela se demorava em alguns episódios e podia até atrasar o tempo, duravam apenas uma fracção de segundo para os médicos.
Do exterior do quarto a filha fitava a máquina que fazia a mãe queixar-se, a máquina dos bip's, e via com os seus olhos o ritmo cardíaco da mãe decair a um ritmo irrecuperável.
Ela, no entanto, perdia-se nos pormenores da mais louca viagem da sua vida. A primeira coisa que queria fazer quando regressasse era contar a todos que a viagem não se faz no sentido ascendente mas no sentido descendente. A viajem é feita do fim para o início. E também que é possível interagir connosco. Enquanto decorria a viagem parecia ter capacidades inimaginadas, conseguia pensa, anotar mentalmente, conseguia reviver, conseguia tocar, falar, não havia limites.
Viajou daquele quarto de hospital cheio de bip's até ao acidente, por aí fora para trás e naquela altura todos os pequenos nadas de que foi feita a sua vida tiveram uma imensa importância. O mais simples gesto de ajeitar o cabelo e a gola da camisa todas as manhãs enquanto o elevador descia eram agora tão importantes como o nascimento da sua filha, como o seu casamento, como a morte dos seus pais e irmão. Tudo era importante. Agora via - sentia - que tudo era importante, mesmo o que parecia desprovido de qualquer sentido.
Viajou da sua idade adulta pela sua vida inteira até ao seu nascimento. No momento em que presenciava - via, sentia, ouvia, cheirava, pressentia, participava - o seu próprio nascimento sentiu uma força.
Os médicos já nada podiam fazer. Os sinais vitais atingiam os valores mínimos e sabiam que a vida se esvaía dela. Nada mais podiam fazer senão esperar o óbito.
Na sua derradeira viagem ela entrava na recta final, no último troço do último percurso da sua vida.
Assim que ela se refugiou naquele ventre que lhe oferecia protecção o seu óbito foi declarado.
Sabor a Thunderlady
quarta-feira, 22 de abril de 2009
Experiência 39
sábado, 18 de abril de 2009
Imaginário XXXIX - 1ª parte
Agora, ali deitada naquela cama impessoal onde nem imaginava quantas pessoas teriam pensado o mesmo que ela, concluía que era perfeitamente aniquilador de qualquer esperança ouvir permanentemente um "Bip, bip, bip" que lhe dizia que cada vez estava mais perto da chegada a um ponto qualquer. Ou de saída de um outro ponto, em breve descobriria.
Já tinha lido sobre "near death experiences" e perguntava-se quando começaria a ver a tal luz brilhante e a ver a vida passar à frente como um filme em "fast-foward". Como seria rever tudo de uma só vez? Iria lembrar-se de alguma coisa que achava esquecida? O que seria essa coisa?
Pensou que não devia estar a bater bem: era suposto estar assustada ou curiosa? Se não fosse aquele maldito bip... Se não fosse estar com tubos por todo o lado e não conseguir dizer a ninguém diria que não há pior que partir de vez a ouvir aquilo. A curiosidade, essa, ficava cada vez maior e o medo cada vez mais para trás.
Começou a sentir-se mais calma. Lembrou-se de quando soube que estava gravemente doente e não sentiu raiva nem tristeza. Sentiu-se como que a ver um filme, faltam as pipocas, pensou.
Ouviu uma voz conhecida e tentou abrir os olhos mas não conseguiu. Sabia que era a sua filha que perguntava nesse momento ao médico o que se passava. Ela respondia à filha que estava tudo bem. O médico respondeu para ela se afastar, que tinha que sair dali.
Tolo do médico, não me ouve? Deixa estar aqui a minha filha. Saberei lá eu se a volto a ver? Sentiu-se a rir calma e docemente, um misto de riso e sorriso e queria tanto conseguir dizer apenas que estava tão bem.
Mas aqueles horríveis bip's, aquelas vozes desconhecidas que não a deixavam ouvir a filha e aqueles malditos tubos que só serviam para a impedir de comunicar com o que ainda era o seu mundo - Será que havia outro? Como será se houver? - e dizer pelo menos para viverem o melhor que puderem que a vida é tão curta para mágoas. Queria dizer que estava bem, talvez não o bem que queriam que estivesse, mas que estava melhor do que tinha estado: leve e sem dores. Queria dizer também que podiam substituir aquele bip que agora já não era enervante e parecia mais um som lá muito longe.
Sorriu ao "ouvir" todos quantos conhecia dizerem em coro que tinha mesmo mau-feitio. Sorriu fracções de segundo depois, num sorriso-réplica, por ver todos ali reunidos de novo.
As vozes dos médicos, o bip, o choro da filha eram agora memórias longínquas...
[Continua]
Sabor a Thunderlady
sexta-feira, 10 de abril de 2009
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Vivência 76...
quinta-feira, 26 de março de 2009
Extra Bull Shit
sexta-feira, 20 de março de 2009
quinta-feira, 19 de março de 2009
Vivência 75...
quarta-feira, 18 de março de 2009
Experiência 38
A cada minuto que passa duas espécies animais e três espécies vegetais são extintas. Não ontem ou amanhã. HOJE. Informem-se, a sério!
terça-feira, 17 de março de 2009
Extra 2 e meio...
segunda-feira, 16 de março de 2009
Extra
quinta-feira, 12 de março de 2009
Vivência 74...
quarta-feira, 11 de março de 2009
Experiência 37
- E tu és uma gueixa!
No dia em que a minha namorada disse aquilo, fiquei tão embevecido que nem me ocorreu perguntar-lhe: "Eh lá oh mulher, porque raio sou coisa que nunca fui?".
Era novo, muita maluco, tinha uma Ninja que cortava o vento que se fartava ah, e namorávamos há 2 semanas... Depois a coisa deu para o torto e nunca pensei nisso.
Hoje a minha namorada (outra, claro está!) disse-me o mesmo e eu ia quase a cair no mesmo disparate quando disparei:
- Diz?
- Sim, és um ninja! O meu pequeno ninja!
- Bem mulher, pequeno?????
- Não é pequeno no sentido de "pequeno"... É mais como: Meu e "migñon" e bem, ninja!
- Explica-te que não entendo!
- És rápido e hábil e...
- Ah, agora estou a ver... Sou o Bill! O Kill Bill! Ah bom, assim tá melhor!
- Bom, está bem se preferes ser a Uma Thurman...
- Quê? Não podes estar bem! Qual Uma qual quê! Bem não foi isso que disseste há uns dias atrás depois da... terceira? - e desatei a rir.
-Gabaste muito!
- E não é verdade?
- Sim, mas agora toda a rua sabe! - disseste envergonhada.
- Que sou um ninja ou a Uma? - disse em surdina piscando o olho.
Sorriste, "roubaste-me" um beijo à má fila e levaste-me para o ginásio...
domingo, 8 de março de 2009
Extra

Mas quando o mesmo não serve para "agarrar" de facto as coisas boas da vida, essa "conquista" não me parece ter sido grande passo para o Homem, nem tão pouco para a Humanidade. Se, a essa "aquisição" estiver inerente a falta de sensibilidade e de inteligência então, meus senhores, somos "fracos seres" aos quais só se deram as tais "pérolas a porcos"!
No fundo, para muitos, serve apenas para se ser César demente em Coliseu decadente!
sábado, 7 de março de 2009
Imaginário XXXVIII
Feita louca esbracejava. Feita louca ali gritava para todos os que passavam. E gesticulava também. Gritava ria gracejava. Ria de si e dos outros. Ali estava ela só, cada vez mais só, a esbracejar no que ela achava ser o meio da praça, sempre convencida que cada vez mais gente tinha para a escutar.
Quem é ela? Perguntavam-se os olhares - quando se cruzavam - dos que por ali passavam e levavam com aquele cenário, mas apenas encolheres de ombros discretos e um ou outro mais ousado dedo girando junto da testa e rebolar de olhos eram dados como resposta à pergunta muda que todos se faziam.
Pobrezinha diziam uns. E olhando para trás com olhares de pena iam passando por ela sem saber muito bem o que lhe responder.
Outros havia que ali se demoravam e lhe perguntavam de modo mais curioso o que ela ali fazia, se era atenção que queria ou o que mais pretendia.
Todos quantos passavam percebiam, uns mais depressa que outros, que bem aquela cabeça não batia. Gritava ela do que julgava ser o meio da praça, sozinha falava e para si ria sempre a pensar que era para os outros que o fazia.
Na verdade, coisa que ela não compreendia, é que momentaneamente servia de entretenimento, fazia soltar uma gargalhada e qualquer criança se ria, mas com o passar do tempo, já não era entretenimento, pena era o que sentia quem por lá passava, coisa que ela não compreendia.
Na verdade aquela louca que no que ela achava ser o meio da praça para si falava gritava gesticulava foi-se tornando notícia e de vários sítios havia quem ali fosse do propósito só mesmo para a fotografia. E a louca feliz da vida cada vez mais se ria por achar que a audiência era boa, gostava dela nem reparava sequer nos perdidos de riso que dali saíam olhando uns para os outros com olhares que se interrogavam que seria que ela queria.
Que simpática - diziam uns - atenciosa até!
Pois é - respondiam outros - parece, não parece? Atentem no modo como lhe falam, o que lhe sobra em energia falta-lhe em maneiras.
Oh pobrezita, uma louca é o que é. Pena devemos ter, coitadita da senhora, vai-se entretendo como pode na sua loucura, temos que ter paciência.
E o tempo lá passou com a louca no que julgava ser o meio da praça. Gesticulava, esbracejava, deixou a graça para escarnecer de quem por ali passava.
E na verdade era tão simples, tão depressa se resolveu. Bastou a televisão por lá aparecer. Médicos à distância faziam diagnósticos sobre o que julgavam ser uma qualquer demência degenerativa acelerada.
Na verdade era tão simples, tão depressa se resolveu. A louca precisava de atenção e assim que foi famosa como "A louca que ria gritava gesticulava no que achava ser o meio da praça", desapareceu.
Sabor a Thunderlady
sexta-feira, 6 de março de 2009
quinta-feira, 5 de março de 2009
Vivência 73...

Foi a maior conquista do homem pré-histórico. A partir desta conquista o homem aprendeu a utilizar a força do fogo em seu proveito, extraindo a energia dos materiais da natureza ou moldando a natureza em seu benefício. O fogo serviu como proteção aos primeiros hominídeos, afastando os predadores... A mim, até hoje não afastou nenhum predador, mas em compensação conheci muitos "perdedores" por isso não vejo onde anda essa grande conquista que, das duas uma ou devia ser minha também ou não faço parte da pré-história... Ah talvez seja russa... "Perestroika"?????
O fogo também foi o maior responsável pela sobrevivência do ser humano e pelo grau de desenvolvimento da humanidade, apesar de que, durante muitos períodos da história, o fogo foi usado no desenvolvimento e criação de armas e como força destrutiva... Nop, nop... mas talvez vá até ali à América só para comprar uma e ver como é!
quarta-feira, 4 de março de 2009
Experiência 36

sábado, 28 de fevereiro de 2009
Imaginário XXXVII
Estavas na paragem do autocarro como descobri que estavas todos os dias. Tu, o teu jornal e a tua pasta. Entraste placidamente, mostraste o passe como todos mas a tua calma confesso que era exasperante, a tua calma àquela hora da manhã, áquela hora em que apesar de cedo já todos estão stressados como se fosse o fim do dia.
E a tua calma exasperante chamou-me a atenção. Lembro-me de ter praguejado para dentro e maldito a tua serenidade e as coisas da vida são como são e se não fosse a tua calma hoje não te estaria a escrever esta carta.
Eu na minha pressa a levar o mundo à minha frente - como se por eu andar depressa o mundo girasse mais rápido. Porque andaria eu tão depressa? - e acabei por te levar à minha frente: a ti, à tua pasta, ao teu jornal. E acabei por te trazer para o meu mundo, sem querer, sem saber...
Eu e a minha pressa armámos uma confussão no autocarro e tu e a tua calma resolveram tudo num instante. Sei que corei violentamente, sei que corei a um ponto que pensei que a cabeça me ia rebentar. Não sei se corei pela confusão, se pelo teu olhar ter outra vez cruzado o meu e ter brilhado ainda mais. Talvez por ambos. Tu sabes, aquelas situações em que ficamos paralisados. E tu com a tua calma pegaste no teu jornal, na tua pasta e na minha e disseste que devolvias quando eu me sentasse e acalmasse, que tanto stress de manhã fazia mal.
Sentámo-nos juntos: eu, tu e a tua calma. E o resto do mundo desapareceu.
Entretanto saíste no teu destino. E eu estática a olhar. Saíste do autocarro mas percebi que não irias tão cedo sair da minha vida.
No dia seguinte não estavas lá no sítio do costume. Nem no outro. A ansiedade começou. No terceiro dia lá estavas. Sorriste e esse sorriso brilhava. Brilhava tanto que eu me sentia ofuscada.
Nesse dia ficámos juntos, não saíste na tua paragem. Eu não saí na minha. Ficámos juntos e quase sem falar fomos para minha casa.
O teu sorriso, a tua voz doce e calma fazia-me esquecer tudo o resto e era bom.
No dia seguinte voltaste. E no outro. Quando eu reparei não te tinhas mudado só para o meu mundo, tinhas-te tornado o meu mundo.
No último dia que te vi fizemos amor como nunca tínhamos feito - pelo menos eu nunca tinha feito, nem contigo nem com ninguém - até aí. Nunca me tinha entregue de uma forma tão intensa, tão descontraída, tão solta. Eu que já tinha tido umas quantas relações senti-me nesse dia de novo virgem. Sei que enquanto me apertavas nos teus braços durante aquela onda que nos sacudiu de alto a baixo eu sorria num sorriso que eu desconhecia em mim. E senti-te a minha pele. Senti coisas que não tinha sentido antes, nem mesmo contigo. E sorri.
No dia seguinte ao acordar sorri. E no trabalho sorri. Passei o dia a sorrir. E cheguei a casa. Tinhas ido embora e até hoje eu não sei porquê.
Não sei tão pouco quanto tempo passou desde que foste embora e me deixaste apenas o sorriso que ainda trago hoje. O mundo, que tinha desaparecido naquele dia no autocarro, ainda não apareceu. E tu, que te tornaste o meu mundo, desapareceste.
E eu que queria tanto perguntar-te como foi seres a minha pele...
Sabor a Thunderlady
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009
Vivência 72...
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Experiência 35
sábado, 21 de fevereiro de 2009
Imaginário XXXVI
Observava que as pessoas chegavam tímidas. Observava que as pessoas sussurravam um cumprimento cabisbaixas como se um simples “boa tarde” fosse perturbar a timidez de todos os outros.
Observava que poucos traziam algo para fazer – deviam ser os inexperientes ou talvez crédulos que daquela vez é que seria a vez que seriam atendidos na sua vez e via-se pelo seu olhar, que dava para distinguir uns de outros, que uns ficavam exasperados olhando para as horas e suspirando e que outros se sentavam expectantes.
Observava que alguns perdiam o olhar na jarra, talvez pensando quem se daria ao trabalho de substituir as flores: se a recepcionista se a empregada de limpeza. Observava que outros vagueavam o olhar pelos quadros que não compreendiam. Perguntava-se se gostariam da combinação de formas e cores, se apaziguaria as suas ânsias fosse qual fosse o motivo que lá levasse tanta gente de meios tão variados.
Distraía-se das suas observações e divagava nos pensamentos: que na morte e na doença não há classes. Todos sofrem de maleitas, todos morrem e depois de mortos todos são iguais e vão para o mesmo sítio. Irão mesmo? Dava por si a perder-se no olhar de cada pessoa que via, nos seus modos, nas suas vestes, no que cada um seria mesmo face ao que mostrava ser.
Inevitavelmente, em situações onde partilhava o espaço com desconhecidos – fosse nos transportes, fosse em seminários, fosse na praia, dava por si a reparar em tudo o que caracterizava as pessoas e a divagar sobre a sua teoria dos equilíbrios. Uma espécie de lei da física sociológica que leigamente ia desenvolvendo para si e que por muito que pensasse e observasse nunca chegava a conclusão nenhuma.
Via pessoas de ar mais cansado. Onde estariam as pessoas felizes? Para cada pessoa cansada haveria uma em igual grau mas em sentido inverso (quase como se pudesse aplicar um vector) descansada?
Via pessoas gordas. Haveria tantas pessoas gordas como magras?
Via pessoas de cabelos longos, outras carecas. Se uma é careca então seria porque alguém de cabelos longos teria ficado com a sua parte de cabelo.
Perguntava-se se também os outros pensavam estas teorias quase absurdas. Quantas pessoas estariam a desenvolver uma lei das compensações, como lhe chamava, semelhante à sua, baseada no princípio de que para cada compensação terá que haver uma descompensação?
Mergulhava os olhos na revista que trazia sempre consigo enquanto esperava a sua vez para que ninguém percebesse o que estaria a pensar, receava que os seus pensamentos pudessem ser lidos. Segundo a sua própria lei das compensações, para cada pessoa que não é capaz de usar o sexto sentido outra pessoa seria capaz de desenvolvê-lo, apurá-lo e (quase de modo receando de uma conspiração) usá-lo sem se esforçar para isso. Estaria ali alguém com alguma dessas capacidades telepáticas? Estaria ali alguém capaz de ouvir o que pensava?
Ao olhar de novo em volta os seus olhos fixaram-se em outros olhos que sim, poderiam muito bem estar a ouvir o que pensava. Se ao menos dessem um sinal…
Nada.
- Sr. Martins
- Eu?
- O Dr. diz que pode entrar.
Sabor a Thunderlady
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009
Vivências 71...
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009
Experiência 34
domingo, 15 de fevereiro de 2009
Porque niguém morre para mim
Telefonar? Para dizer o quê?
Atender? Para ouvir o quê?
Faz falta? Não pode fazer falta.
A 1ª dúvida mantém-se, se ignoro morre e isso não é bonito, mas também não pode viver comigo…
A 2ª e a 3ª o que poderei ter para dizer que não tenha dito já e o que poderei ouvir que não tenha ouvido já. Conversa que não me agrada, conversa talvez forçada que espremida é como uma laranja choca. Se houver novidades porque não?
4ª Não pode mesmo. É proibido, mas só para mim é que é proibido. Os outros podem fazer falta, eu não!
(Fonte devidamente identificada)
Sabor a A Ronda das Tascas
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
Vivências 70...
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009
Experiência 33
Nada a dizer...
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Imaginário XXXV
E foi assim que fomos crescendo, sempre lado a lado, sempre ali para o que desse e viesse.
Foi no meu ombro que choráste tantas vezes e eu no teu chorei outras tantas.
Não sei se ainda te lembras. Acredito que sim.
Lembro-me particularmente de uma noite, foste a minha casa - já eu tinha casado - , estávamos apenas nós. Perguntáste se eu era feliz.
Na altura perguntávas-me muito isso. Eu respondia genuinamente feliz que era feliz. E tu ficavas feliz por mim mas eu via o teu olhar triste.
Perguntava-te quando serias feliz. Tinhas sempre muitos projectos a alcançar antes de seres feliz. então eu reformulava a pergunta e perguntava quando é que nos teus planos encaixava a felicidade, mas tu respondias sempre o mesmo: que ainda tinhas que acabar o curso, depois fazer o mestrado, depois ir trabalhar nem tu sabias para onde - para um sítio qualquer, depois viria o doutoramento só depois casarias e casarias se desse, não era uma prioridade. Eu queria acreditar que esses eram os planos para a tua felicidade. Queria acreditar que serias feliz assim, com todos esses projectos a envolverem-te e comandar a tua vida.
Perguntávas-me se eu não me arrependia. Arrepender de quê? Respondia eu.
Lembro-me de te dizer na altura que parecíamos jovens de 20 e poucos anos mas que o tempo ia passar mais depressa do que pensávamos e que um dia ias olhar triste para as tuas fotografias, artigos publicados (sim, ias publicar imensos artigos em revistas da especialidade), calhamaços de livros temáticos nas prateleiras, especímenes únicos embalsamados e numa vitrine, irias ter mil histórias para contar e não irias ter ninguém que as ouvisse. O teu modo de vida não iria (temia eu) permitir que estabelecesses relações duradouras com ninguém.
Os anos entretanto passaram. Tanta coisa mudou na tua (minha . nossa) vida, tanta coisa permanece igual.
Encontramo-nos regularmente mas já não falamos de planos nem de sonhos, esses foram sonhos um dia, sonhos que se sonham uma vez numa época e que não podem ser depois os pesadelos do futuro.
E quando não se quer ter pesadelos no presente porque os sonhos do passado não se concretizaram no futuro, falamos apenas do estado actual das coisas, da crise, dos preços, das modas, dos outros, do hoje.
Jamais se fala do futuro - sabemos que o futuro é o que ele quiser ser e que apenas damos um ligeiro empurrão. Jamais se fala do passado. Aceita-se apenas o presente.
Sabor a Thunderlady
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Pitchshifter - Genius
Sabor a Thunderdrum