terça-feira, 24 de junho de 2008

Em Fogo 21 - A Ponte


Fiquei confuso depois de te ver, não sabia com que ideia tinhas ficado de mim ou até se me quererias voltar a ver... insisti, perguntei, questionei-me, pensei... tudo isso para saber que ter atravessado aquele rio para te encontrar do outro lado foi dos momentos mais belos da minha vida.
Tu estavas toda de preto, gostavas de transparecer a escuridão que te enchia a alma... tinhas encontrado uma pessoa que sentias ser o ideal para ti mas, graças a um impulso ou ao medo de dizer o que sentias, deixaste-o fugir e agora arrependias-te de o ter feito... dizias que ninguém mais te iria entender e nem tu irias sentir o mesmo por outra pessoa, quando te ouvi apenas te olhei e nada disse.
Ficamos assim, na ponte que unia as duas margens do rio, frente um ao outro sem nos mexermos e apenas olhando... perscrutando o outro... pensando que talvez seja um erro... imaginando se, uma coincidencia destas, resultaria em algo profundo... eu sentia a tua dor e não sei se reparavas que sorria.
Comecei a caminhar ao teu encontro, passo a passo nessa ponte com pequenas pegadas no lugar da passagem... tu não te moveste, ficaste apenas a olhar-me... provavelmente perguntavas-te que quereria eu de ti e esperavas para ver.
Sou paciente mas tu não sabias ainda disso mas, á medida que ia avançando na ponte, reparava que a tua roupa ia mudando de cor... passava de preto para cinza e conforme ia-me aproximando de ti os tons mudavam... imaginei que seria por minha causa mas não tinha a certeza.
Fiquei parado a um palmo de ti e olhei-te... tinhas a roupa em tons garridos mas o teu rosto ainda estava escuro, sem cor... não desisti, passei uma mão no teu rosto e a cor apareceu aos poucos... com um dedo percorri os teus lábios e eles tomaram um tom vermelho intenso... com a ponta dos meus dedos percorri o teu cabelo encaracolado e ele tomou aquele preto azeitona que é o teu...
Voltei a olhar e sorri... parecia que tinhas renascido enquanto eu me limitei a atravessar a ponte e a ultrapassar os obstaculos que colocaste na minha frente... quando os meus labios se aproximavam dos teus disse-te num sussurro... não sou como ele, sou eu mesmo, mas mesmo assim vejo-te em todas as cores e gosto de ti como és.
No meio da ponte beijei-te e, de um momento para o outro, a ponte desapareceu debaixo dos nossos pés e ficamos a levitar... foi nesse momento que acreditei que tinha penetrado no teu coração.
Carpe Diem.

2 sakês:

Namaste disse...

Aponta dos nossos dedos transporta sempre a luz da cor que os outros podem ser...E as pontes foram feitas para ligar...unir...completar...
Os corações só precisam de pontes de luz e essas nunca são visiveis aos olhos!!!

Anónimo disse...

Puto, essa falta de auto-estima tem de acabar a bem ou... à chapada!!!!!!


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