segunda-feira, 29 de setembro de 2008

BURACO NEGRO XVIII

Este é o mais pequeno, dizem. Já visitei o maior conhecido, já andei à deriva neste bem pequenino. Cansei-me.
De olhar dentro deles e não conseguir ver a luz que avidamente sugam à sua volta. Cansei-me.
De olhar-lhes o fundo e ver um mundo ao contrário, era giro, mas como todas as brincadeiras perdeu a graça. Cansei-me.
Vou mudar de Galáxia. Contaram-me de um planeta que, de tão diferente destes que conheço, parece estar à minha medida, agora.
A tecnologia que conhecemos, há muito que lá foi dispensada. Não percebi bem, mas tudo se faz com a energia dos seres que o habitam. É pelo menos refrescante e muito caloroso, suponho!
E as palavras...parece que deixaram de as usar! Passaram aos conceitos-imagem?? Não contam que viram um pôr-do-sol e como ficaram felizes...apenas transmitem a imagem do que viram e a sensação que os fez experimentar. Perfeito!
Acho que vou...descansar das palavras. Espera-me uma quarentena, preciso de me livrar de uma adição dispensável. Preciso aprender a ver, sentir e transmitir.
Acho que vou... já me cansei das palavras que querendo dizer tudo, não dizem nada e das que nada querendo dizer acabam por dizer tudo.
Acho que vou...não sei se voltarei. Dizem que lá, uns quantos são escolhidos para guardar a memória das palavras, preciosidades de um passado atormentado.
Talvez seja essa a escolha que me aguarda e então, quando passar o tempo adequado para que não seja mais uma necessidade usa-las, vos mandarei uma palavra.
Se esse não for o meu caminho...assim que souber como, chegarão, à velocidade da luz, as mais belas imagens que sentir, para lhes contar que estou bem.


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