quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Experiência 17


A minha vida... mesmo de férias tem sido uma confronto entre presente e passado...
Entre certo e errado...
Entre ética e falta da mesma...
Entre amor e dor...
Entre querer descanso e paz e guerra ao estilo de Sun Tzu...

A minha vida mesmo de férias... é a minha vida mesmo, sem férias: o constante procurar que dá muitas das vezes comigo em louco...

Passo de novo férias sozinho... e isso é de novo, triste!

Passo no entanto, as minhas férias repleto de livros, recordações e com perspectiva de querer olhar em frente mesmo que, por cima do ombro, olhe (como era de esperar, para trás)... um pouco "amaricadamente", eu sei, hoje acordei quase sem fôlego, quase sem batimentos, com uma estúpida ansiedade e uma enorme lágrima que escorria ofensiva rosto abaixo sem que lhe desse permissão...

Na verdade hoje acordei, como usual há já alguns dias de madrugada: sentia todo o prédio a dormir e apenas eu com insónia despropositada... lembrei-me de repente de um livro que tinha lido faz pouco tempo:

«A Possibilidade de uma Ilha» que se trata de um romance que diz respeito à humanidade, à sua história e ao seu tempo presente, que é posto em causa, e onde num devir possível através da tecnologia e da religião se chega a um mundo expurgado de todas as deficiências humanas, soberbamente comandado pela razão, suficientemente estável ao longo de séculos para se acreditar numa verdadeira evolução, mas lentamente corroído pelo fatal ciclo de necessidade de mudança inerente a todo o ser humano, ao encontro da sua realização como tal.

Numa escrita por vezes um pouco densa mas cativante, muitas vezes crítica e filosoficamente (bem) sustentada face às questões que se colocam à personagem principal (Daniel), demonstrando uma mestria absoluta e um grande à vontade no tratamento dos temas fortes ligados à existência humana e à vida em sociedade, com foco nos tempos actuais, sem esquecer os ensinamentos de muitos filósofos traduzidos e citados em pensamentos práticos, Houellebecq oferece um contributo, tão macabro quanto útil, de uma lucidez que tanto pode agradar quanto deprimir o seu leitor, mas deixando a réstia de esperança de que uma ilha sempre existe, não importa quantas crueldades aconteçam e continuem a acontecer ao longo de todos os tempos, nas mais variadas formas, inevitáveis como parte integrante e indissociável da existência humana e da própria Natureza.

Com este pensamento em mente: tomei um daqueles "supositórios orais" para se dormir rapidamente... e quase, quase que senti... paz! Quase...


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